Operação Trapaça afeta ‘superagência’ de defesa
Diante dos problemas que vieram à tona no âmbito da Operação Trapaça, que investiga fraudes em análises de salmonela em carne de frango, perdeu força o projeto de lei que está em gestação há meses no Ministério da Agricultura para transformar a Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) em uma espécie de “superagência” com autonomia financeira e administrativa, nos moldes da Receita Federal.
Fonte graduada do ministério afirmou que, como a carne de frango brasileira – sobretudo a da BRF, que está no foco da operação da Polícia Federal – passou a ser novamente questionada por importadores, o projeto provavelmente só deverá ser encaminhado ao Congresso no segundo semestre. O problema é que, a partir de julho, Câmara e Senado tendem a ficar esvaziados em função das campanhas eleitorais e a votação de projetos de lei certamente ficará comprometida.
Na Agricultura, a avaliação é que é hora de concentrar esforços para que a União Europeia não feche seu mercado para a carne de frango da BRF – a Pasta já proibiu unidades da empresa de exportar – e evitar qualquer “efeito dominó” nesse sentido. Uma missão técnica do ministério acaba de voltar de Bruxelas, onde tentou acalmar os europeus com o argumento de os casos investigados pela Operação Trapaça, deflagrada em 5 de março, são antigos e que o controle sobre os testes com salmonela foi reforçado desde 2017.
A “superagência” foi uma promessa feita no fim de 2017 pelo ministro Blairo Maggi. Foi uma resposta à Operação Carne Fraca, deflagrada pela PF em março do ano passado com foco em casos de corrupção entre fiscais agropecuários e funcionários de frigoríficos. A ideia era enviar o PL ao Legislativo ainda em janeiro.
O secretário de Defesa Agropecuária do ministério, Luís Eduardo Rangel, disse que pretende finalizar o projeto até o fim de maio. Antes disso, o texto tem que ser apresentado a fiscais, parlamentares, indústrias e ao Ministério do Planejamento (Assessoria de Comunicação, 3/4/18)