Ovo: 2018 é mercado por oferta elevada e queda nas cotações
O avicultor de postura passou por momentos árduos ao longo de 2018. Segundo pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, o movimento de queda nos preços dos ovos, iniciado em janeiro, perdurou no correr do ano, salvo períodos específicos em que a proteína apresentou boa recuperação. No geral, a retração nas cotações ocorreu pela elevação da oferta, em decorrência, principalmente, dos investimentos que foram feitos para o aumento de plantel nas granjas já existentes.
De janeiro a dezembro, os ovos brancos e vermelhos, tipo extra, negociados em Bastos (SP), caíram 18% frente ao mesmo período de 2017, em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de novembro/18). Vale ressaltar que, especificamente no período da Quaresma, quando tipicamente as vendas se aquecem, as cotações dos ovos subiram. Porém, em comparação com o mesmo período de 2017, os valores registraram queda.
Em maio, com a paralisação dos caminhoneiros, houve a interrupção no fornecimento de diversos insumos, como ração e embalagens, cenário que prejudicou a cadeia entre junho e julho. A reposição de mercadoria nas grandes redes varejistas, que ficaram desbastecidas durante os protestos, contribuiu com a recuperação nas vendas e preços da proteína em junho. Porém, a adoção de muda forçada, medida utilizada para driblar a crise, reforçou a elevação da oferta do produto, fazendo com que as cotações caíssem nos meses seguintes.
Diante do cenário baixista, muitos granjeiros intensificaram os descartes das poedeiras mais velhas, principalmente no final de agosto. No entanto, essa estratégia não trouxe grandes reflexos nos preços, indicando que seriam necessários descartes ainda maiores.
Com a maior disponibilidade da proteína no mercado doméstico, o volume de embarques ao front externo também se elevou. Segundo a Secex, de janeiro a dezembro foram exportadas 7,9 mil toneladas de ovos in natura, alta de 112% em relação ao mesmo período de 2017. As exportações aquecidas contribuíram para que os preços no mercado doméstico não cedessem ainda mais.
Além disso, o setor também foi impactado negativamente pela alta no preço dos principais insumos utilizados na atividade (milho e farelo de soja). De janeiro a dezembro de 2018, o poder de compra do produtor paulista se reduziu 34% frente ao cereal e ao derivado da soja em comparação com o mesmo período de 2017.
Quanto à produção de ovos, a mesma seguiu crescente ao longo de 2018. De acordo com o levantamento de Produção de Ovos de Galinha divulgado pelo IBGE em 12 de dezembro de 2018, a produção até o terceiro semestre de 2018 superou em 7,8% aquela do mesmo período de 2017 (Assessoria de Comunicação, 9/1/19)