País fecha 331.901 vagas formais de trabalho; pior maio da série do Caged
O secretário de Trabalho, Bruno Dalcolmo, afirmou ser “muito difícil” saber se o próximo resultado do Caged virá positivo.
O Brasil fechou 331.901 vagas formais de trabalho em maio, pior desempenho para o mês da série disponibilizada pelo Ministério da Economia, com início em 2010, mas numa melhora em relação à performance fortemente negativa de abril.
Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foram divulgados hoje (29). Em abril, a crise com o coronavírus levou ao encerramento de 902.841 postos, informação ajustada pelo ministério após a divulgação inicial de fechamento de 860.503 postos.
Em maio, quatro dos cinco grupos de atividades econômicas mostraram de 143.479 vagas.
Também ficaram no vermelho a indústria geral (-96.912), o segmento de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (-88.739 postos) e o setor da construção (-18.758).
Por outro lado, o grupo agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura foi responsável pela abertura de 15.993 vagas no período.
“O primeiro ponto a se enfatizar é a clara reação do mercado de trabalho, a clara melhora da economia e a clara melhora dos números relativos ao emprego no Brasil”, afirmou o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, numa análise comparativa a abril.
Nos cinco primeiros meses do ano, foram encerrados 1.144.875 postos, na série com ajustes. Este foi o pior desempenho para o acumulado desde pelo menos 2010, conforme série disponibilizada pelo ministério.
Também representou um mergulho muito mais fundo que o registrado em igual período de dois anos em que houve crise econômica: 2015 (-243.948 vagas) e 2016 (-448.101).
Em 2019, foram criadas 351.062 vagas com carteira assinada no país no período de janeiro a maio.
O secretário de Trabalho, Bruno Dalcolmo, afirmou ser “muito difícil” saber se o próximo resultado do Caged virá positivo.
“O que posso dizer é que o mercado de trabalho reagirá tão logo a economia reaja. E a economia para reagir depende da reabertura das cidades, dos comércios, dos serviços, da retomada da vida normal, ou pelo menos o novo normal”, disse.
EXTENSÃO DO BEM
O ministério informou que, até 26 de junho, foram fechados 11,7 milhões de acordos no âmbito do BEM, benefício que permite redução de salário e jornada de até 70% por um período de três meses, com o pagamento de compensação parcial pelo governo aos trabalhadores, ou a suspensão do contrato de trabalho por até 60 dias, também com repasse de recursos pelo governo aos funcionários.
Agora, esse benefício será prorrogado por meio de decreto presidencial, disse Bianco.
A prorrogação virá tão logo o presidente Bolsonaro sancione o projeto de conversão em lei da Medida Provisória (MP) 936, que criou o benefício. A versão aprovada pelo Congresso para o texto foi a responsável por trazer essa possibilidade de extensão.
O presidente Jair Bolsonaro ainda não sancionou a MP por conta de uma questão burocrática, disse Bianco, já que o autógrafo final enviado pelo Senado foi modificado e, por isso, precisou passar pela análise de vários órgãos do governo federal.
“Nós fizemos isso em tempo recorde, nos próximos dias haverá a sanção pelo presidente da República, e aí sim ele mesmo editará um decreto para a prorrogação”, afirmou Bianco.
Ele destacou ainda que “tudo indica” que o governo fará a prorrogação por mais dois meses da possibilidade de suspensão do contrato e por mais um mês da redução de jornada.
Não haverá renovação automática e empresas e funcionários deverão firmar novo acordo para a prorrogação.
A contrapartida será que a empresa deverá garantir o emprego pelo mesmo tempo de adesão ao programa (Forbes com Reuters, 29/6/20)