Países preveem fracasso em acordo global de biodiversidade
Representantes de países e entidades na Convenção de Biodiversidade Biológica da ONU neste domingo (26) em Nairobi - IISD ENB
Rascunho concluído neste domingo (26) em Nairobi deixa meta de conservação e financiamento para decisão de ministros.
Após seis dias de negociações travadas em Nairobi, capital do Quênia, representantes dos 193 países que compõem a Convenção de Biodiversidade Biológica da ONU aprovaram neste domingo (26) um rascunho do próximo acordo global de biodiversidade. O texto, no entanto, deixa em aberto as questões que definem o documento.
A ONU pretende chegar a um "Acordo de Paris" da biodiversidade. A comparação com o acordo climático, assinado em Paris em 2015 e que representou um compromisso inédito dos países em conter as mudanças climáticas, é frequentemente citada nas negociações. No entanto, as diferenças entre os dois desafios aumentam as animosidades entre os blocos desenvolvidos e em desenvolvimento.
A proposta central do novo acordo estabelece metas de conservação de territórios em todo o mundo. A versão mais popular propõe que 30% dos territórios biodiversos do mundo sejam conservados até 2030 —sob o apelido "30 x 30".
O texto prevê também uma meta de restauração de 20% dos territórios degradados no planeta, além de metas sobre desenvolvimento sustentável, como a previsão de fim dos subsídios danosos à biodiversidade, e ainda uma regulamentação sobre o compartilhamento de benefícios com os territórios que provêm recursos da biodiversidade, em uma espécie de pagamento de royalties que incentivariam a conservação.
Apontado como bloqueador das negociações, o Brasil defende que essas metas sejam nacionais e não globais, ou seja, que cada país se comprometa com a conservação de 30% dos seus respectivos territórios.