Para diretores de faculdade, formandos chegam a mercado despreparados
Quase metade dos entrevistados afirma que currículo não atende às expectativas de empregadores.
Alunos saem do ensino superior brasileiro com uma formação muito abaixo da requerida pelo mercado de trabalho atual, segundo 76% dos dirigentes de instituições de ensino do país entrevistados pela consultoria KPMG.
Outros 21% afirmam que os conteúdos oferecidos são parcialmente insuficientes para exercer a profissão.
Quase metade dos consultados no levantamento (44%) afirma acreditar que o currículo dos cursos oferecidos não atende às expectativas dos empregadores. Os demais (54%) dizem que elas são atendidas apenas em parte.
“O ensino foca temas da academia, mas que não necessariamente são aqueles que o mercado busca”, diz Marcos Boscolo, sócio da KPMG.
“Há pouca interação entre o ensino e o setor privado. Quando o graduado é contratado, as empresas em geral fazem uma série de treinamentos,” afirma William Klein, CEO da consultoria Hoper, especializada em ensino superior.
As instituições concentram seus esforços em atender a exigências do MEC (Ministério da Educação) para pontuar melhor nos indicadores oficiais em vez de priorizar a qualidade, segundo ele.
“A infraestrutura de uma faculdade não deveria ter peso maior do que a avaliação direta do aluno, feita por meio do Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes)” afirma Klein.
A defasagem dos professores é outro problema enfrentado. Nenhum dos entrevistados afirmou estar satisfeito com o corpo docente (Folha de S.Paulo, 25/9/18)