Paraguai desponta como uma ameaça aos frigoríficos brasileiros
Em meio à pandemia surge uma ameaça a mais ao agronegócio brasileiro. Corre no Ministério das Relações Exteriores a informação de que o Paraguai poderá romper relações diplomáticas com Taiwan, abrindo caminho para o consequente restabelecimento dos laços com a China.
A medida seria motivada pela pressão do agronegócio local, notadamente dos grandes frigoríficos, que querem retomar as exportações para o mercado chinês. Uma vez consumado, trata-se de um movimento que teria razoável impacto comercial para o Brasil. O Paraguai voltaria ao game para disputar uma fatia da demanda chinesa por proteína animal.
A questão é ainda mais preocupante na atual circunstância, com a disparada dos casos de coronavírus e o risco do Brasil sofrer um lockout internacional – vide RR edição do dia 22 de maio. Ressalte-se que a China duplicou, em abril, as compras de carne bovina, um indício de que os asiáticos estariam antecipando a formação de estoques para o caso de uma eventual interrupção das importações do Brasil.
Some-se a isso o fato de que o Paraguai poderia se aproveitar dessa brecha para reduzir o preço da commodity. Não custa lembrar que, no início do ano, pouco antes do estouro da pandemia, a China iniciou uma pressão sobre os frigoríficos brasileiros para diminuir o valor do produto: no fim de 2019, os preços da carne atingiram o maior nível em 30 anos (Relatório Reservado, 27/5/20)