Perspectivas animadoras da safra de grãos – Editorial O Estado de S.Paulo
Com base nos dados disponíveis até abril, pode-se prever que haverá produção suficiente para atender à demanda externa e para assegurar a oferta.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a safra de grãos 2019-2020 deverá atingir 251,8 milhões de toneladas, superando em 4% os quase 242 milhões de toneladas da safra 2018-2019. Com base nos dados disponíveis até abril, pode-se prever que haverá produção suficiente para atender à demanda externa e para assegurar a oferta, a preços módicos, de alimentos para o mercado interno. São, portanto, bons os sinais para a balança comercial, cujo superávit depende das commodities agrícolas, e para a inflação cadente, que tornará menos difícil para as famílias superar as consequências da crise do vírus sobre o padrão alimentar nos domicílios.
Em março, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), as exportações do agronegócio brasileiro não foram afetadas pela pandemia. As vendas externas de US$ 9,29 bilhões superaram em 13,3% as de março de 2019 em razão do aumento de 18,8% das quantidades exportadas. Já o índice de preço dos produtos exportados caiu 4,7%, segundo a publicação Balança Comercial do Agronegócio, da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SCRI) do Mapa.
O agronegócio respondeu por 48,3% das exportações totais do País em março. Houve vendas de US$ 3,98 bilhões de soja em grão, US$ 441 milhões de açúcar e US$ 555 milhões de carne bovina in natura. Entre os meses de março de 2019 e de 2020, a participação da China nas exportações agropecuárias brasileiras cresceu de 34,2% para 41%, lideradas pela soja (de US$ 2,1 bilhões para US$ 3 bilhões) e pela carne bovina.
Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), haverá queda entre 13% e 32% do comércio global, mas as exportações do agronegócio deverão sofrer menos do que as de manufaturados e semimanufaturados. Há previsões de queda da safra de soja de 1,7% entre março e abril, para 122,1 milhões de toneladas, mas, em compensação, haverá altas fortes nas safras de milho, trigo e arroz.
A oferta firme de grãos a preços módicos deverá ajudar a inflação de 2020 a ficar próxima a 2,5%, como mostrou o último boletim Focus, do Banco Central. A demanda das famílias tende a cair, ainda que sustentada pelo pagamento do auxílio emergencial e pelo adiamento ou eliminação de gastos com tributos e eletricidade (O Estado de S.Paulo, 17/4/20)