16/05/2024

Petrobras virou campo de batalha entre facções com interesses particulares

Petrobras virou campo de batalha entre facções com interesses particulares

Lula demitiu presidente da Petrobras após pressão de ministros de seu governo. Foto  Pedro Kirilos Estadão Conteúdo

 

LULA-Foto  Pedro Kirilos Estadão Conteúdo

 Por J.R. Guzzo

O povo nunca é consultado a respeito de nada pelos gatos gordos que dirigem a companhia em seu nome e, na prática, para os interesses deles mesmos.

 

presidente Lula e os seus governos têm uma relação obviamente tóxica com a Petrobras. Em suas duas primeiras passagens pela Presidência, agravadas em seguida pela calamidade contínua de Dilma Rousseff, a maior empresa brasileira transformou-se num símbolo universal de corrupção.

 

Segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, onde foi desaguar uma parte das ações judiciais provocadas pela roubalheira monumental contra a companhia, o sistema lulista criou ali, muito simplesmente, o pior episódio de corrupção já registrado na História. De volta ao governo pela terceira vez, Lula está também de volta à cena do crime, como diria o vice-presidente Alckmin.

 

Desde que entrou de novo no Palácio do Planalto, a Petrobras virou um campo de batalha entre facções que defendem seus interesses particulares. Mataram agora o chefe de uma delas – o atual presidente, que já estava há meses diante do pelotão de fuzilamento montado por seus inimigos. Aguarda-se agora a próxima briga de foice.

 

Quem realmente perde com isso não é a Petrobras. A conta, como acontece desde a fundação da empresa 70 anos atrás, vai direto para o bolso dos seus únicos proprietários legais – o povo brasileiro, que tem a maioria as ações. Naturalmente, o povo nunca é consultado a respeito de nada pelos gatos gordos que dirigem a companhia em seu nome e, na prática, para os interesses deles mesmos, os gatos gordos.

Desta vez, dois ministros estavam atrás da cabeça do presidente – e, depois de muito tiroteio entre eles, nos quais o valor da empresa foi amputado em R$ 50 bilhões, Lula acabou entregando.

Ficou exposta ao mundo, mais uma vez, a importância real que ele dá ao conceito básico de lealdade. O presidente está sempre pronto para atirar nos feridos – e a jogar para cima do público os novos prejuízos que serão trazidos pelo seu projeto de anarquia na Petrobras. Só no dia da demissão, foram R$ 40 bilhões a mais a virar fumaça.

Lula, por tudo o que já fez e está fazendo na empresa, tem uma conduta abertamente irresponsável na sua condução. Ele usa a Petrobras, que é de todos os brasileiros, para fins políticos pessoais – como seu perene empenho em fazer demagogia com os preços dos combustíveis. Quer que a companhia faça “investimentos”, crie “empregos”, ajude a “indústria nacional”, combata a “pobreza”, sirva à “política econômica” do governo.

Tudo, enfim, menos permitir que a Petrobras cumpra as obrigações fundamentais que tem como empresa – dar lucro aos acionistas, o maior dos quais é o Tesouro Nacional, pagar impostos e trabalhar com competência empresarial. Os investimentos que tem feito são os desastres que se sabe. É a Refinaria Abreu e Lima, que deveria ter custado US$ 2 bilhões, já custou mais de US$ 20 bilhões e ainda não está pronta. É a compra do ferro-velho de Pasadena. São as sondas de exploração pagas e não entregues por uma empresa que foi à falência (Estadão, 16/5/24)