03/09/2019

Polêmicas tiram capital eleitoral de Bolsonaro

Polêmicas tiram capital eleitoral de Bolsonaro

Datafolha confirma piora da avaliação do Bolsonaro após série de polêmicas, como a questão da Amazônia e a indicação do filho à embaixada dos EUA, temas indicados pela pesquisa como mal vistos pelos brasileiros. O risco é o presidente falar somente ao núcleo bolsonarista, diz a Folha.

Piora da avaliação

Governo é considerado ruim ou péssimo por 38% das pessoas ouvidas em pesquisa Datafolha, de 33% em levantamento realizado em julho. Percentual dos que avaliam o governo como ótimo o bom passou de 33% em julho para 29% agora, oscilando dentro da margem de erro de +/- 2 pp. Avaliação regular oscilou de 31% para 30% entre os 2.878 ouvidos em 175 municípios entre 29 e 30 de agosto. Ainda de acordo com os dados, esta foi a primeira vez que Bolsonaro perdeu apoio entre os mais escolarizados. Índice dos que classificam a gestão como ruim ou péssima passou de 36% para 43%.

Análise

Segundo análise de Mauro Paulino e Alessandro Janoni, diretores do instituto, desde a primeira pesquisa de avaliação, realizada em abril deste ano, o comportamento do ex-deputado à frente da Presidência tem figurado nas análises estatísticas como variável determinante no posicionamento da opinião pública sobre seu governo. Os resultados divulgados agora pela Folha mostram que, ao intensificar essa característica nos últimos meses, Bolsonaro comprometeu parcela simbólica de seu capital eleitoral, dizem.

Núcleo fiel

A persistência no tom belicoso tende a desidratar a popularidade de Bolsonaro a níveis próximos de seu núcleo fiel: entre os 10% que o consideram um presidente ótimo e os 14% de bolsonaristas que concordam com a maioria das pautas da agenda presidencial. A estratégia contém o risco de reduzir ainda mais sua pregação apenas para convertidos, acentuando o que já ocorre nas redes sociais, dizem os diretores do Datafolha.

Bolsonaro tuitou nesta manhã

Mesmo sem responder diretamente à pesquisa, diz que seu governo pegou “o Brasil destruído e aos poucos vamos ressurgindo”. Ele cita o combate a fraudes em benefícios sociais e diz que “supera expectativas no enxugamento da máquina pública e na confiança do investidor”.

Pesquisa de Doria

Pesquisas à disposição do Palácio dos Bandeirantes indicam que a onda conservadora, responsável em larga medida pelos recentes sucessos eleitorais de João Doria e de Bolsonaro, deverá se estender e ser dominante na sociedade até as duas próximas eleições, diz a Coluna do Estadão. Aliados de ambos acham muito provável eles continuarem a bater retrovisores na corrida rumo a 2022, com os bolsonaristas tentando empurrar Doria para a centro-esquerda, como fez o presidente ao associá-lo ao PT, segundo a coluna.

Nova cirurgia

Bolsonaro será submetido a mais uma cirurgia, agora para correção de hérnia incisional surgida em decorrência das intervenções anteriores, diz a presidência em nota assinada pelo médico Ricardo Peixoto Camarinha. Cirurgia de médio porte está marcada para 8 de setembro, em São Paulo, diz o G1citando o médico Antônio Luiz Macedo, que operou o presidente após facada sofrida em 2018. Segundo o cardiologista Leandro Echenique, a operação é mais simples que a anterior e ele deve poder embarcar para ONU, diz o Globo.

PEC paralela corre riscos

A poposta que deve criar a PEC paralela, elaborada pelo senador Tasso Jereissati (PSDB), corre o risco de desidratar ainda mais a economia esperada com a reforma ou até mesmo morrer já no Senado se o formato desenhado for mantido, na avaliação de parlamentares ouvidos pelo Estado. Parecer desidrataria a reforma vinda da Câmara em R$ 31 bilhões, em dez anos, enquanto a compensação, via PEC paralela, levanta dúvidas entre senadores por inserir pontos polêmicos, com alto índice de rejeição. Jereissati sugeriu para a proposta paralela a cobrança previdenciária sobre as exportações do agronegócio e de entidades filantrópicas e cobertura de acidentes de trabalho para empresas do Simples Nacional, o que renderiam R$ 155 bilhões à União em dez anos, diz o jornal.

Eduardo na ONU

O governo trabalha para anunciar Eduardo Bolsonaro como embaixador em Washington na primeira semana de outubro, diz Lauro Jardim, diz O Globo. O presidente quer enviar o nome dias antes de viajar para a Assembléia Geral da ONU, que será aberta pelo Brasil em 24 de setembro, para Eduardo acompanhá-lo na condição de embaixador indicado. Ainda de acordo com o jornal, hoje ele teria 33 dos 41 votos de que precisa para ser aprovado (Bloomberg, 2/9/19)