Posição do Brasil sobre Palestina abre portas para países árabes
Roberto Perosa, em reunião do G20. Foto EBC
Secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Roberto Perosa, em reunião do G20. F
O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Roberto Perosa, que acaba de voltar de uma missão de 15 dias ao Oriente Médio, vê efeitos positivos do posicionamento do Brasil em relação ao conflito entre Israel e Palestina nas relações comerciais brasileiras com os países árabes.
“O posicionamento do presidente Lula frente ao conflito existente entre Israel e Palestina trouxe possibilidades mundo afora de grandes parcerias comerciais, porque os países que se identificam com esse posicionamento se alinharam ainda mais ao Brasil”, disse Perosa, em entrevista exclusiva ao Broadcast Agro . “A fala do presidente Lula a favor da Palestina foi muito bem-recebida no mundo árabe”, acrescentou.
Para o secretário, novos mercados podem se abrir ao Brasil diante do entendimento das autoridades de que há alinhamento diplomático com o País. “É o caso da Turquia, Azerbaijão e Omã que são pró-Palestina”, citou. O sultão de Omã, Haitham bin Tariq Al Said, quer receber Lula no país em virtude deste posicionamento, demanda que foi levada ao assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Celso Amorim, relatou Perosa. “O mundo árabe hoje é pró-Lula. Todo mundo quer fazer negócio com a gente. Além de ser um posicionamento correto, foi um gol de placa, saindo na vanguarda e que agradou ao mundo árabe”, pontuou.
Na região, o secretário realizou agendas com investidores, empresários e encontros bilaterais em Dubai, Omã, Turquia e Azerbaijão. De acordo com Perosa, as falas de Lula a favor do Estado palestino foram vistas pelos árabes como um gesto “corajoso”. “O vice-ministro da Agricultura da Turquia, Ahmet Gümen, me falou que nenhum outro país teve coragem de falar o que o Brasil falou. Depois, a Bolívia e o Equador fizeram também uma defesa mais enfática, mas o Brasil abriu a porteira para isso”, observou. “Internamente parece que é ruim, mas internacionalmente foi bem-recebido”, pontuou Perosa.
A Liga Árabe é um dos principais mercados de destino dos produtos agropecuários brasileiros. Em 2023, as exportações do agronegócio brasileiro para as 22 nações geraram receita de US$ 14,538 bilhões. Para este ano, a expectativa é de crescimento de 15% na receita, prevê a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira. Arábia Saudita, Argélia e Emirados Árabes Unidos lideraram as compras árabes de produtos agropecuários do Brasil no ano passado.
Com Omã, o Brasil tem interesse em ampliar as importações de fertilizantes. Durante a missão, o país autorizou a importação de bovinos vivos do Brasil. “Há uma grande possibilidade de aumento do envio de fertilizantes de Omã para cá”, observou. Do Azerbaijão, o País quer aumentar a exportação de fertilizantes nitrogenados.
Para a Turquia, o Brasil quer vender maior volume de bovinos vivos e abrir o mercado para carne bovina e pescados brasileiros. Perosa lembra que a política nacional do país prevê que o governo realize a compra do gado vivo, por meio do Conselho Nacional da Carne e Leite, para posterior revenda aos confinamentos locais. “Estamos levando as possibilidades brasileiras. Eles querem comprar gado de raças europeias. Incentivamos contato via empresas e já estão sendo fechados negócios”, exemplificou, citando que hoje o país importa sobretudo gado da Itália e da Eslováquia.
Tanto Azerbaijão quanto Omã demonstraram interesse em investir e participar do programa de recuperação e conversão de pastagens degradadas do Brasil, segundo Perosa (Broadcast, 8/3/24)