Preços dos grãos seguem atraentes em Chicago
Os principais grãos exportados pelo Brasil encerraram o mês com cotações superiores às observadas em dezembro e em maio de 2017 na bolsa de Chicago. A quebra da safra argentina ainda justifica essa maior sustentação nos mercados de soja e milho, que, com a ajuda do câmbio, têm ampliado a rentabilidade dos produtores brasileiros e melhorado as perspectivas para o plantio no país da próxima temporada. O Brasil puxa as exportações globais de soja e é o segundo maior no caso do milho.
Cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega mostram que a soja fechou maio com retração de 2,14% em relação a abril, mas ganhos de 4,39% na comparação com dezembro e de 7,11% sobre maio do ano passado. A queda foi motivada pelo bom andamento da semeadura nos EUA neste ciclo 2018/19, mas as altas refletem a redução estrutural da oferta este ano por causa dos problemas observados na Argentina.
No mercado de milho, o fator Argentina igualmente pesa nas valorizações observadas sobre dezembro e maio de 2017 – 14,46% e 8,48%, respectivamente. Mas a cotação média de maio subiu também em relação a abril (3,13%), graças à piora do tempo em áreas do Meio-Oeste americano dedicadas ao cereal. Como os investidores no momento estão focados no andamento do plantio e do desenvolvimento das lavouras dos EUA, nas próximas semanas, soja e milho continuarão oscilando ao sabor do “weather market”, como normalmente acontece nesta época.
Conforme dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), na semana terminada no dia 22 de maio, os movimentos dos gestores de recursos indicavam que as apostas eram de novas altas do milho e redução da pressão sobre a soja, ainda que o viés negativo para a oleaginosa tenha continuado a dar o tom. Para a soja, os rumos das turbulências comerciais entre EUA e China também estão no radar dos traders. Mas, neste caso, só haverá influência baixista se os chineses onerarem as exportações americanas.
No caso das “soft commodities” mais exportadas pelo Brasil, maio foi um mês de valorizações em relação às médias de abril na bolsa de Nova York. De acordo com os cálculos do Valor Data, o produto que mais subiu nessa comparação foi o suco de laranja (15,46%), seguido por algodão (2,81%), café (1,69%) e açúcar (1,25%).
No mercado de suco, a disparada se explica pela queda da oferta nos EUA, onde o período é de entressafra, e pelas perspectivas de retração da produção no polo formado por São Paulo e Minas Gerais, no Sudeste brasileiro, onde o tempo quente e seco tem prejudicado os pomares. Os mais recentes movimentos dos gestores de recursos indicam a possibilidade de novas altas nas próximas semanas.
Problemas climáticos, desta feita no sul dos EUA, também ofereceram sustentação ao algodão, ao passo que café e açúcar encontraram algum suporte em expectativas de que as produções no Brasil poderão ser menores que as inicialmente previstas. No caso do açúcar, entretanto, as projeções de superávit mundial nas temporadas 2017/18 e 2018/19 continuam pressionando as cotações em Nova York (Assessoria de Comunicação, 1/6/18)