16/04/2021

Preços se mantêm aquecidos no campo e pesam na inflação

Preços se mantêm aquecidos no campo e pesam na inflação

Legenda: Lambe-lambe da campanha 'Bolsocaro' na Avenida Paulista Marlene Bergamo/Folhapress

 Valores de negociações de arroz, soja, açúcar, milho e carnes não cedem, mesmo com boa parte da colheita já nos armazéns.

O ano avança, e os preços dos produtos agrícolas mantém uma pressão interna que já dura pelo menos 12 meses. Mesmo com a colheita de alguns itens já terminada, e com volumes recordes, os valores de negociação se mantêm em patamares recordes.

A alta desses produtos dentro da porteira, que se esperava tivessem uma retração após a safra, continua e respinga sobre a inflação de alimentos.

Um dos exemplo é a soja, que é negociada com valores 74% acima dos de há um ano, apesar de o país estar colhendo 137 milhões de toneladas, um volume não imaginado no início do plantio.

 

A oferta é maior, mas os preços não recuam, o que fez o governo intervir até na produção de biodiesel, reduzindo o percentual de mistura desse combustível ao diesel para 10% na semana passada.

O farelo também sobe e embala os custos da produção de proteínas, pressão que virá para os consumidores. Estes, além do aumento das carnes, pagam mais também pelo óleo de cozinha.

O arroz, cuja safra atingiu 11,1 milhões de toneladas, acima do previsto, está com os maiores preços para um período pós-safra. A saca, negociada a R$ 87, tem um aumento de 58% em 12 meses.

As carnes, impulsionadas pela demanda externa e por aumento de custos internos de produção, mantêm preços recordes. A arroba de boi está 61% acima do valor de há um ano; a de suíno, 74%.

Açúcar e etanol, cuja safra de cana-de-açúcar começou oficialmente neste início de mês, apresentam reajustes de 36% e de 76%, respectivamente, em relação ao mesmo período de abril de 2020.

O milho, um produto que merece mais atenção, devido ao plantio fora do período ideal, está sendo negociado a R$ 97 por saca na região de Campinas (SP), segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Em alguns estados, como no líder Mato Grosso, as estimativas de produção já começam a ser reajustadas para baixo. Os preços, que superam em 86% os de abril de 2020, apresentam um cenário de volatilidade.

O país deverá obter mais um ano recorde de divisas com as exportações, mas também terá de conviver com custo elevado da alimentação.

Dentro da porteira 

Com esses preços tão altos e produção elevada, os produtores agropecuários deverão obter receitas de R$ 1,2 trilhão neste ano. O destaque positivo é a soja, que deverá render R$ 390 bilhões. O negativo é o café arábica, cujas receitas caem para R$ 23 bilhões, 29% menos no ano, segundo a CNA (Folha de S.Paulo, 16/4/21)