16/04/2019

Produtor de trigo do Paraná está pouco animado e área de plantio cai

Produtor de trigo do Paraná está pouco animado e área de plantio cai

Legenda: Produção de trigo deve cair no país; no Paraná recuo será de 6%

 

Há um temor de que o preço atual não se sustente com queda do dólar e do incentivo.

O produtor de trigo vem perdendo o ânimo neste ano. A cultura do cereal é sempre uma lavoura de risco e, além dos tradicionais problemas internos, o produtor vai depender de fatores externos.

As pressões que vêm de fora são produção recorde na vizinha Argentina e abertura de mercado, sem a alíquota de 10% para grandes produtores, como os Estados Unidos.

O resultado é que os triticultores do Paraná, principal estado produtor no Brasil, vão reduzir a área de plantio em 6% neste ano, mesmo com os atuais preços compensadores.

Hugo Godinho, analista de trigo do Deral (Departamento de Economia Rural) da Secretaria de Agricultura do Paraná, diz que as condições de plantio deste ano são melhores do que as de 2018.

Mesmo assim, parte dos produtores não se sentem animados. Há um temor de que o preço atual, embora remunerador, não se sustente com uma eventual queda do dólar e incentivo às importações.

O analista do Deral cita três fatores internos, além dos externos, que preocupam o produtor: falta de liquidez na hora da venda, eventual baixa da qualidade do cereal e custos elevados.

O preço atual é remunerador. A saca, negociada a R$ 48 no Paraná, está 35% acima da de 2018 e supera os R$ 45 do custo de produção atual.

“O trigo, porém, é uma cultura de apostas”, diz Godinho. O produtor faz as contas e, às vezes, conclui que a opção pelo produto não vale o risco.

A área a ser destinada ao trigo no Paraná deverá ser reduzida para 1,03 milhão de hectares, mas o produtor ainda tem até o final de julho para decidir sobre o plantio.

Dentro dos padrões normais de produção do estado, a área a ser semeada deverá render 3,3 milhões de toneladas.

Embora a área do ano passado tenha sido maior do que a prevista para este, a produção em 2018 foi de apenas 2,8 milhões de toneladas, devido ao clima desfavorável à lavoura.

Estimativas da Bolsa de Cereais de Buenos Aires indicam crescimento de área no plantio de 2019/20 na Argentina. A produção deverá superar 20 milhões de toneladas, acima dos 19 milhões deste ano.

Outra preocupação do produtor são as oscilações do dólar e as possíveis importações do cereal dos Estados Unidos e do Canadá.

Além disso, com essa mudança de alíquotas de importação feita pelo governo durante a visita aos Estados Unidos, volta o eterno fantasma da Rússia, segundo Godinho (Folha de S.Paulo, 16/4/19)