Produtores de uva esperam dobrar exportação com acordo Mercosul-UEE
Projeção é que mercado para uvas de mesa tenha impulso nos próximos anos.
Produtores do Vale do São Francisco esperam dobrar as exportações de uva de mesa após a entrada em vigor do acordo do Mercosul e a União Europeia.
Segundo Tássio Lustoza, gerente-executivo da Valexport, associação que reúne produtores e exportadores de hortigranjeiros e derivados da região, a expectativa é passar a vender 80 mil toneladas de uva de mesa por ano.
Em 2018, foram exportadas 39 mil toneladas da fruta, com receita de cerca de US$ 90 milhões. A União Europeia é o principal mercado externo das frutas produzidas no Vale do São Francisco e compra 90% das exportações de uva da região, segundo Lustoza.
A associação representa produtores de 11 municípios do polo de Juazeiro e Petrolina, nos estados de Pernambuco e Bahia.
“Para nós o acordo foi super positivo, estamos muito animados. Vamos voltar a ser competitivos, porque hoje a gente chega a pagar dois euros de imposto em cada caixa de uva que exporta para a Europa”, diz.
A maior parte da produção de uvas de mesa é vendida para o mercado interno, apenas 10% a 13% do total é exportado.
Segundo Lustoza, a uva vai ter a tarifa zerada assim que o acordo entrar em vigor. Já outras frutas vão ter reduções gradativas, como a laranja, melancia, limão e a maçã. A uva e a manga são os carros-chefe da região para exportação, diz Lustoza.
“De todas as frutas exportadas pelo país, 40% saem daqui da região, e isso é só manga e uva. Mas a manga já tem tarifa zero para a Europa, então a uva vai ser a mais beneficiada”.
Lustoza afirma que o Brasil já chegou a exportar 82 mil toneladas de uva de mesa em 2008, mas perdeu espaço para outros concorrentes, como o Peru. “Eles fizeram um acordo bilateral e ficaram mais competitivos. Por isso o Mercosul-UE era importante para nós”, diz.
O presidente do Instituto do Vinho do Vale do São Francisco (Vinhovasf), José Gualberto, afirma que o setor também vai se beneficiar do acordo. Segundo ele, o vinho da região é um produto muito diferente e, por isso, pode conquistar espaço no mercado da UE.
“O europeu é muito curioso, e o vinho aqui é novo, feito no tropical e semiárido, isso não existe no mercado internacional ainda. Então nós vamos entrar, estamos prontos e muito otimistas”, defende ele, que também é presidente da Valexport.
Para Gualberto, outra vantagem do acordo é que o setor de vinhos vai poder comprar equipamentos mais baratos, embalagens melhores e se modernizar. Sobre a competição no mercado interno, ele diz que a chegada dos produtos europeus vai aumentar o consumo e a cultura do vinho no país, o que é positivo. “Vai ser um desafio, mas vamos melhorar a eficiência e conviver [com o vinho europeu]”.
O Mercosul e a UE anunciaram o pacto em junho, após mais de 20 anos de discussões (Folha de S.Paulo, 9/7/19)