04/12/2023

Proposta anarcodiplomática de Lula é ruim e tem algo de ridículo

Proposta anarcodiplomática de Lula é ruim e tem algo de ridículo

LULA E MARINA- Foto Ricardo Stuckert PR

O presidente Lula chora enquanto discursa abraçado a Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, na COP28, neste sábado (2). Foto Ricardo Stuckert/PR

 

Em Dubai, presidente lançou a sua anarcodiplomacia ao propor uma 'governança global' para questões ambientais.

Javier Milei é classificado como um anarcocapitalista. Em DubaiLula lançou a sua anarcodiplomacia ao propor uma "governança global" para as questões ambientais. Algo como um superpoder mundial.

Nas suas palavras: "Nós precisamos ter uma governança global para ajudar a cuidar do planeta. Porque, se você toma uma decisão qualquer em benefício do mundo e ela tiver que votar internamente pelo seu Congresso Nacional, significa que ninguém vai cumprir".

Se a Liga das Nações naufragou no século 20, e a ONU não consegue impor suas decisões no 21, Lula quer resolver o problema com uma nova governança. Ele, que condena de maneira geral a aplicação de sanções internacionais a países que desrespeitam direitos humanos, quer uma nova governança para a defesa de vegetais e contenção dos gases.

O Sol vai congelar antes que cidadãos americanos, russos ou chineses aceitem que uma instituição supranacional se meta nas suas vidas. Lula, por exemplo, não é um aliado do Tribunal Penal Internacional.

O anarcodiplomata defende soluções fantásticas, sabendo que são inviáveis.

Para um presidente que já defendeu votos secretos para ministros do Supremo Tribunal Federal, a proposta anarcodiplomática de Lula é ruim por inviável. Infelizmente, como as falas de Milei com seus cachorros, tem algo de ridículo.

Cadê a perícia da PF no bate-boca com família de Moraes em Roma?

Ministro do STF sustenta que foi insultado pelos Mantovani e que Roberto, o chefe da família, deu um tapa no seu filho.

Aquilo que em julho passado foi um episódio de maus modos da família Mantovani com o ministro Alexandre de Moraes no aeroporto de Roma transformou-se numa amostra dos labirintos jurídicos e processuais de Pindorama.

O caso é simples: Moraes sustenta que foi insultado pelos Mantovani e que Roberto, o chefe da família, deu um tapa no seu filho. A cena foi gravada pelo circuito interno do aeroporto, e as imagens (sem som) foram mandadas ao Supremo Tribunal Federal.

Admitindo-se que os insultos verbais aconteceram, a questão iria ao tapa. O relatório italiano diz que um movimento de Mantovani tocou "levemente" os óculos do filho de Moraes. Um documento da Polícia Federal brasileira afirma que "aparentemente" houve o toque.

Havendo um vídeo, basta vê-lo para opinar. Como as coisas simples complicam-se no Judiciário de Pindorama, o ministro José Antonio Dias Toffoli, relator do processo no STF, colocou o vídeo sob sigilo. A defesa dos Mantovani e a Procuradoria-Geral da República só podem vê-lo na sede do STF. Não podem copiá-lo.

Admitindo-se que um leigo pode tirar conclusões erradas ao ver o vídeo, a Polícia Federal dispõe de peritos capazes de dizer o que houve, o que não houve e o que não se pode dizer se houve. Até hoje esse serviço de peritagem não foi acionado.

No dia 30 de outubro, Toffoli determinou que fosse designado um perito "para acompanhar o acesso das partes" às imagens. O que significa "acompanhar o acesso"? Chamar o elevador?

A questão pode ser simplificada: basta solicitar um laudo pericial da PF. Trata-se de um serviço oficialmente reconhecido, com carreira definida nos quadros da instituição. Colocar um de seus servidores na condição de acompanhante de acesso é igualá-lo a um São Jorge de salão de sinuca.

Qualquer ministro do Supremo se consideraria insultado se, num saguão de rodoviária, um grosseirão o acusasse de deixar os peritos da PF longe de um vídeo que pede peritagem (Folha, 3/12/23)