Provável baixa produção em 21/22 tende a manter preços firmes
Após uma temporada de baixa produção em 2020/21, as expectativas iniciais de agentes são de mais uma safra limitada de laranjas em 2021/22 no estado de São Paulo e no Triângulo Mineiro, diante de condições climáticas desfavoráveis. Este cenário, por sua vez, tende a manter firmes os preços da fruta em 2021.
As floradas foram bastante irregulares na temporada 2021/22. Enquanto em parte das regiões as flores se abriram com maior antecedência (em julho), em outras, a abertura ocorreu no final de 2020. Porém, o pegamento das floradas mais precoces foi comprometido em muitas áreas (visto que as aberturas foram seguidas de períodos de clima quente e seco), o que pode novamente limitar a participação da primeira florada no total colhido. Além disso, a temporada tende a ser novamente mais extensa e tardia, já que, em anos usuais, as floradas ocorrem principalmente em agosto e setembro.
A região norte do estado paulista (Bebedouro e arredores) foi a mais prejudicada pelo clima seco e, com isso, deve registrar diferença significativa entre a produção dos pomares irrigados e a dos de sequeiro. Os de sequeiro tiveram forte índice de abortamento de flores, tendo em vista que as plantas estavam bastante debilitadas, enquanto os irrigados devem ter melhor produção, ainda que abaixo do desejado. Vale lembrar que esta é a única praça do cinturão citrícola paulista com maior participação de áreas irrigadas – 63% do total da região em 2020, segundo levantamento do Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura).
As outras praças, por terem baixa participação de áreas irrigadas, têm maior dependência do pegamento das floradas tardias. Muitas áreas já tiveram novas aberturas em dezembro, o que traz um alento, mas é importante considerar que as plantas estão bastante debilitadas, contexto que pode prejudicar a fixação dos frutos. Além disso, o cenário dependerá do clima daqui em diante (é preciso umidade no período de pegamento) e de cuidados preventivos à podridão floral.
A primeira estimativa referente à safra 2021/22, divulgada pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) em dezembro/20, indica que a colheita do estado de São Paulo e do Triângulo Mineiro totalize 315 milhões de caixas de 40,8 kg, avanço de 17% frente à temporada anterior. Apesar da recuperação, este número não representa uma retomada do potencial produtivo, visto as condições climáticas adversas enfrentadas pelas regiões.
Assim, a safra de 315 milhões de caixas não é considerada alta e, portanto, não deve ser suficiente para recuperar totalmente os estoques de suco de laranja. Por outro lado, deve beneficiar a remuneração aos citricultores por mais um ano, diante da elevada demanda industrial. Ressalta-se que esta estimativa é preliminar, já que é cedo para quantificar a produção, principalmente neste ano. O Fundecitrus deve divulgar uma estimativa apenas em maio de 2021.
ESTOQUES
Dados da CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos) indicam que os estoques de entrada da temporada 2021/22 podem ficar entre 240 e 280 mil toneladas em julho/21. Ainda que não sejam inferiores ao patamar estratégico, a safra restrita em 2021/22 pode limitar os volumes finais da temporada – em junho de 2022.
CONTRATOS COM A INDÚSTRIA
As negociações para a nova temporada praticamente não ocorreram. Diante das incertezas quanto ao volume produzido, também há dúvidas quanto aos valores que são condizentes com o mercado. Além disso, muitas empresas fizeram, em 2020/21, contratos que comprometiam a safra seguinte. Neste sentido, uma quantidade maior de frutas já está negociada para a próxima temporada. Ainda assim, as expectativas são de que os preços sejam novamente positivos neste segmento, já que a demanda industrial deve ser elevada.
MERCADO DE MESA
A maior demanda industrial deve manter em alta os preços da laranja no mercado de mesa em 2021/22. O fato de 2021/22 estar prevista para ser novamente uma safra tardia deve, inclusive, beneficiar as cotações das precoces, e os valores devem se sustentar, tendo em vista a possível safra tardia da pera.
TAHITI
Após registrar elevados preços em 2020, as perspectivas para os primeiros meses de 2021 são de volumes elevados de lima ácida tahiti em São Paulo, devido ao pico de safra – a disponibilidade, contudo, ainda deve ser inferior à do mesmo período de 2020. Além dos impactos da seca, a colheita antecipada de tahiti miúda, em novembro e dezembro, pode limitar o volume ofertado e evitar quedas expressivas nas cotações, como verificado no início de 2020.
Em relação à qualidade, com as chuvas recentes nas regiões produtoras, o calibre das frutas deve ser recuperado, o que pode beneficiar as exportações, caso a demanda siga aquecida. Já no segmento industrial, a moagem deve ser iniciada na segunda quinzena de janeiro (Equipe: Dra. Margarete Boteon, Fernanda Geraldini, Caroline Ribeiro e Isabela Gonçalves; Assessoria de Comunicação, 15/1/21)