Receita agrícola cai e dívida sobe nos Estados Unidos
Principais despesas vieram de elevação dos preços dos combustíveis, da mão de obra e dos juros.
A queda de preços de parte das commodities e o aumento de custos devem provocar uma retração de 13% na renda líquida dos produtores norte-americanos.
As previsões são do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que estima ainda um recuo de 20% na renda média por fazenda. O valor deve cair para US$ 67 mil (R$ 278 mil).
Os ativos agrícolas permanecem em US$ 3 trilhões (R$ 12 trilhões), mas a dívida do setor sobe 4%, somando US$ 407 bilhões (R$ 1,7 trilhão). A relação da dívida com os ativos aumenta, enquanto a taxa de retorno cai.
A renda agrícola é composta pelos recebimentos do governo e pelo resultado da atividade agropecuária, menos as despesas.
Nos números dos Usda não estão incluídos, ainda, os subsídios de US$ 12 bilhões que o governo está repassando para os produtores.
Esse valor reduzirá os efeitos da guerra comercial dos Estados Unidos com os principais parceiros comerciais sobre o setor agropecuário, um dos mais prejudicados.
Foi um ano ruim para os produtores dos Estados Unidos, que sofreram quedas em vários de seus principais produtos de exportação, como soja e milho.
Ao contrário dos brasileiros, os americanos não têm o efeito benéfico de uma elevação do valor do dólar. A valorização da moeda dos Estados Unidos torna o produto brasileiro mais competitivo e permite ao produtor receber mais reais.
Os americanos foram beneficiados, porém, pelo maior volume produzido, o que compensou um pouco a queda de preços.
As despesas totais do setor devem atingir US$ 366 bilhões (R$ 1,5 trilhão) e foram impulsionadas pelos aumentos de combustíveis, mão de obra e juros. As receitas em caixa somaram US$ 374 bilhões (1,6 trilhão).
O descasamento entre receitas e despesas só não foi maior porque alguns produtos, como o trigo, compensaram a perda de ganhos em outros (Folha de S.Paulo, 5/9/18)