Redução da safra reflete impacto dos problemas climáticos de 2023
LOGOS CONAB E IBGE
A redução de 3,8% nas estimativas para a safra agrícola deste ano reflete o impacto dos problemas climáticos ocorridos ao longo de 2023, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A área a ser colhida está projetada em 77,6 milhões de hectares, apresentando decréscimo de 0,3% frente à área colhida em 2023, declínio de 222,6 mil hectares. O algodão foi o único produto a apresentar recorde de produção.
“Em 2023, houve excesso de chuvas no Rio Grande do Sul, atrasando o plantio dessa nova safra; e períodos de seca com temperaturas elevadas nas regiões Norte e Centro-Oeste. Esses efeitos climáticos estão gerando queda nas estimativas nessas regiões e estados. A cultura mais afetada foi a soja", disse em nota o gerente da pesquisa, Carlos Barradas.
A estimativa do IBGE é de que a produção de soja registre 150,4 milhões de toneladas, decréscimo de 1% em relação ao que foi produzido em 2023, mesmo com um aumento na área plantada, o que na avaliação de Barradas mostra um declínio na produtividade bastante relevante. Ele explica que os efeitos causados pelo fenômeno climático El Niño, caracterizado pelo excesso de chuvas nos Estados da região Sul, e a falta de chuvas regulares, combinada com o registro de elevadas temperaturas na região Centro-Norte do País trouxeram, como consequência, uma limitação no potencial produtivo da soja em boa parte das unidades da federação produtoras, justificando a queda de 2,7% na quantidade produzida em relação ao prognóstico anterior.
Da mesma forma, o milho, com uma produção estimada de 117,7 milhões de toneladas, teve queda de 10,2% em relação a 2023 e alta de 0,7% em relação a dezembro. O produto também teve redução de 4,8% na área plantada, considerando o milho de primeira e de segunda safras.
“O problema do milho é que os preços estão bastante defasados, com uma rentabilidade muito baixa. Os preços da soja também vêm caindo. Já o arroz, por outro lado, pela primeira vez, nos últimos anos, teve um aumento de 3,1% na área plantada. Como o preço está bom, os produtores ampliaram a área de plantio”, avaliou Barradas.
O algodão foi o único produto a apresentar recorde de produção, estimada em 8,2 milhões de toneladas, acréscimo de 9,4% em relação ao terceiro prognóstico. Em relação a 2023, as primeiras estimativas apontam para um aumento de 5,8% na produção, em virtude de previsão de uma maior área plantada (8,5%). Com essa expectativa, será mais um recorde na produção de algodão (em caroço), depois de já ter sido recorde em 2023, quando atingiu 7,7 milhões de toneladas. “Com a redução da produção do milho de segunda safra, em função da baixa rentabilidade dos preços, os produtores preferiram apostar mais no algodão, que apresentou alta de 9,4% na produção e de 8,5% em área plantada”, observou Barradas.
Para o café, considerando as duas espécies (arábica e canéfora), a estimativa é de uma produção de 3,5 milhões de toneladas, ou 59,1 milhões de sacas de 60 kg, um acréscimo de 3,7% em relação a 2023. No ano passado, a produção já foi elevada, apesar de ter sido ano de bienalidade negativa.
“Em 2024, a bienalidade é positiva, mas, pelo fato de já ter apresentado uma produção alta em 2023, o crescimento neste ano não deve ser muito expressivo. O café arábica deve somar 2,5 milhões de toneladas, aumento de 3,9% em relação ao ano passado. O café canéfora tem estimativa de produção de 1,1 milhão, alta de 3,4% em relação a 2023”, ressaltou.
Duas das cinco regiões apresentam alta nas estimativas de produção: região Sul (12,5%) e Norte (0,4%), e variação anual negativa para as demais: região Centro-Oeste (-11,6%), Sudeste (-5,7%), e Nordeste (-5,8%). Quanto à variação mensal, apresentou crescimento a região Norte (3,4%); estabilidade a Sudeste (0,0%), enquanto as demais apresentaram declínios: Nordeste (-1,6%), Sul (-2,6%) e Centro-Oeste (-0,6%).
Mato Grosso lidera como o maior produtor nacional de grãos, com participação de 27,6%, seguido pelo Paraná (14,0%), Rio Grande do Sul (13,3%), Goiás (10,2%), Mato Grosso do Sul (8,8%), e Minas Gerais (5,9%), que, somados, representaram 79,8% do total. “Daqui para frente, ainda devemos ver os impactos dos efeitos climáticos. Ainda há várias unidades da federação a informar os dados nos próximos meses. Com isso, novos dados devem refletir os problemas climáticos de 2023, que ainda não estão completamente recepcionados nas estimativas de janeiro”, concluiu Barradas (Broadcast, 8/2/24)
5ª Previsão da safra 23/24 indica produção abaixo de 300 mi/t, -6,3% ante 22/23
A produção brasileira de grãos na safra 2023/24 deve atingir 299,8 milhões de toneladas, o que corresponde a uma diminuição de 6,3% (20,1 milhões de t a menos) em comparação com a temporada anterior (319,81 milhões de t). Os números fazem parte do 5º Levantamento da Safra de Grãos, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado hoje. Quando comparada com a primeira estimativa desta safra feita pela Conab, a atual projeção apresenta uma diminuição de 17,7 milhões de toneladas. Em relação à previsão de janeiro, houve uma baixa de 2,2% (menos 6,62 milhões de t).
Segundo a estatal, o comportamento climático nas principais regiões produtoras, sobretudo para soja e milho primeira safra, vem prejudicando negativamente as lavouras, desde o plantio. O atraso no plantio da soja possivelmente causará impacto no plantio da segunda safra de milho, que é cultivado na sequência.
A produção de soja estimada é de 149,4 milhões de toneladas, o que representa queda de 3,4% se comparado com o volume obtido no ciclo 2022/23. Já se for considerada a expectativa inicial desta temporada, a quebra chega a 7,8%, uma vez que a Conab estimava uma safra de 162 milhões de toneladas. "O atraso do início das chuvas nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Matopiba, seguido por chuvas irregulares e mal distribuídas, com registros de períodos de veranicos superiores a 20 dias, além das altas temperaturas, estão refletindo negativamente no desempenho das lavouras", disse a Conab em comunicado.
Outro importante produto que tem estimativa de menor produção é o milho. A queda na safra total do cereal deve chegar a 18,2 milhões de toneladas (menos 13,8% ante 2022/23), resultando em um volume de 113,7 milhões de toneladas. "O cultivo de primeira safra do grão, que representa 20,8% da produção total, enfrentou situações adversas como elevadas precipitações no Sul do país e baixas pluviosidades no Centro-Oeste, acompanhadas pelas altas temperaturas, entre outros fatores", explicou a estatal. A segunda safra de milho está projetada em 88,10 milhões de t, redução de 13,9% ante a safra do ano passado.
Também é esperada uma queda na produção de feijão influenciada pelo clima adverso. "O plantio da primeira safra da leguminosa caminha para a sua conclusão e vem apresentando alterações negativas por causa das precipitações excessivas, atraso de plantio e ressemeaduras". A semeadura da segunda safra do grão já foi iniciada, especialmente na região Sul, porém o cenário geral é de atraso em virtude da colheita da primeira safra estar atrasada (estimativa de colheita de 879,5 mil t, queda de 8,1%). Mesmo assim, a Conab ainda estima uma safra total (são três safras) de 2,97 milhões de toneladas de feijão no País, redução de 2,1% ante 2022/23 (3,04 milhões de t).
Segundo a Conab, o contexto do El Niño, embora tenha afetado inicialmente a lavoura do arroz, não gerou perdas até o momento nesta safra. A produção está estimada em 10,8 milhões de toneladas, 7,6% acima da produção da safra anterior.
A expectativa é de aumento também para o algodão. A estimativa é que o País estabeleça um novo recorde para a produção da pluma, chegando a 3,3 milhões de toneladas, aumento de 3,3% ante 2022/23 (3,17 milhões de t). O preço da commodity e as perspectivas de comercialização refletiram no aumento de área de plantio, que apresenta crescimento de 12,8% sobre a safra 2022/23.
As primeiras estimativas para as culturas de inverno apontam para uma recuperação na safra de trigo, estimada em 10,2 milhões de toneladas. O plantio do cereal tem início a partir de fevereiro no Centro-Oeste, e ganhará força em meados de abril, no Paraná, e em maio, no Rio Grande do Sul, Estados que representam 82,7% da produção tritícola do País (Broadcast, 8/2/24)