14/01/2025

Renda menor e dólar em alta reduzem importação de máquinas agrícolas

Renda menor e dólar em alta reduzem importação de máquinas agrícolas

Foto Reprodução – Blog General Tradeways

 

Exportação total do agro se mantém em patamar elevado mesmo com queda de preço.

 

As importações de máquinas agrícolas recuaram para US$ 1,2 bilhão no ano passado, 20% a menos do que em 2023. Queda internacional nos preços das commodities, o que trouxe menos renda para os produtores em um ano de quebra de safra, e alta do dólar, principalmente no segundo semestre do ano, forçaram as indústrias a reduzir as compras externas de máquinas.

 

A tendência reflete comportamento do produtor, que, após anos de bons ganhos, reduziu os investimentos e a renovação da frota.

 

As principais quedas foram de tratores e de colheitadeiras. Segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior), as importações de trator recuaram para US$ 354 milhões no ano passado, 29,5% a menos do que em 2023. As de máquinas para colher grãos caíram 23%, mas as colhedoras de algodão mantiveram o patamar do ano anterior.

 

Se as compras externas de máquinas desaceleraram, o mesmo não ocorreu com os gastos financeiros totais com importações do agronegócio. As despesas subiram para US$ 41,4 bilhões, 4% a mais.

 

Entre os produtos que se destacam nessa lista, está o trigo. Após um 2023 com o menor volume de importação do cereal da história, o Brasil comprou 6,6 milhões de toneladas em 2024, apenas 1 milhão a menos do que o recorde de 2000.

 

Com a evolução da área de plantio, o país elevou também as compras externas de adubo e de agrotóxico. A compra de fertilizantes subiu para o recorde de 44 milhões de toneladas, 8% a mais do que no ano anterior. Já a de agroquímicos atingiu o recorde de 807 mil toneladas, com alta de 37%. Ambos, devido à queda dos preços internacionais, exigiram menos dólares nas importações.

 

As exportações do agronegócio somaram US$ 164,4 bilhões, abaixo dos US$ 166,5 bilhões de 2023, conforme dados do Ministério da Agricultura. Incluindo as vendas de insumos e máquinas agrícolas, o valor sobe para US$ 166,4 bilhões.

 

As exportações de alimentos, considerando cereais, oleaginosas, frutas, hortícolas e alimentos industrializados, caíram para US$ 135,7 bilhões, 5% a menos.

 

Os produtos do complexo soja (grãos, farelo e óleo) foram os principais responsáveis pela queda. A retração de 17% nos preços internacionais fez com que as receitas recuassem US$ 13,3 bilhões em 2024, para US$ 53,9 bilhões.

 

Alguns produtos, como café, açúcar e carnes, surpreenderam. O café atingiu preços recordes e trouxe para o Brasil US$ 12 bilhões, 53% a mais do que em igual período do ano anterior. Incertezas com a safra nos principais produtores mundiais devem manter os preços em alta.

 

O potencial do Brasil em suprir a demanda mundial por açúcar permitiu ao país colocar o recorde de 38 milhões de toneladas do produto no mercado externo, obtendo receitas, também históricas, de US$ 19 bilhões, segundo a Secex. As exportações de carnes atingiram o recorde de US$ 26 bilhões.

 

O Brasil tem potencial para manter o ritmo de evolução nas exportações neste ano, principalmente porque poderá colher uma safra recorde. Clima, China e Estados Unidos, porém, podem influenciar esse desempenho.

 

O clima se apresenta melhor do que foi em 2024. A China está reavaliando importações de commodities, principalmente as de carnes. Já Donald Trump, que assume a Presidência dos Estados Unidos, é uma incógnita (Folha, 14/1/25)