25/04/2018

Safra é boa, mas produtor precisa ficar atento a cenário externo

Trabalhador rural arruma carga de soja na carroceria de caminhão durante colheita em propriedade rural em Campo Mourão (PR)

"A safra deste ano está indo muito bem. Estamos vendo números recordes no algodão e um bom andamento das lavouras no Matopiba [região que compõem os estados do Maranhão, do Tocantins, do Piauí e da Bahia]."

A avaliação é de Fabiana Alves, diretora de Rural Banking do Rabobank, instituição com forte atuação no agronegócio brasileiro.

A participação do banco na atividade agrícola é grande. Pelos menos 80% das áreas produção de algodão no Brasil e 20% das de soja estão na carteira do banco.

Para Alves, os preços auxiliaram os produtores. Boa parte da comercialização já havia sido feita, mas o aumento de produtividade nesta reta final de safra deixará um excedente para as negociações no mercado à vista, e com preços bons.

"Isso ajuda bastante", diz ela.

O ano de 2018 vai ser um período de recuperação nas finanças dos produtores. Os dois anteriores foram uma fase de estresse financeiro, devido aos problemas enfrentados em 2015.

Naquele ano, a agricultura viveu uma tempestade perfeita com seca, quebra de produção, preços baixos, volatilidade do dólar e crise econômica no Brasil.

"Em 2017 já vimos melhora e neste ano, com a boa safra, vamos ver ainda mais." Um dos sinais é a reativação das compras terra, um setor que estava adormecido. "Isso é animador", diz Alves.

A carteira do Rabobank vem crescendo muito, segundo a executiva. 

"Vamos chegar perto de US$ 4 bilhões até o final de ano, e estamos trazendo mais clientes." Atualmente são 1.300 produtores.

As apostas do banco recaem muito sobre a conversão de áreas degradadas de pastagem em produção de grãos. "Gostaríamos muito de ajudar a viabilizar isso."

Além de trazer eficiência para a pecuária, é também uma forma de aumentar área de produção de grãos sem a necessidade de novas aberturas, segundo ela.

INTERNACIONAL

O produtor tem de ficar atento também à conjuntura internacional, que não está muito tranquila, segundo a executiva do Rabobank.

O ambiente da política econômica dos Estados Unidos e a elevação da taxa de juros da Libor (taxa média interbancária utilizada por bancos para empréstimos) podem significar elevação da taxa de juros internacionais.

Se isso ocorrer, o Brasil terá de absorver esse aumento de custo dos juros (Folha de S.Paulo, 25/4/18)