08/10/2024

Saiba quem levou as prefeituras nos 100 municípios mais ricos do agro

Saiba quem levou as prefeituras nos 100 municípios mais ricos do agro

Governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o líder sindical rural Paulo Junqueira e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Junqueira organizou  e acompanhou 4 visitas a partir de abril de Bolsonaro à região de Ribeirão Preto e interior paulista. Ele coordena a chapa de oposição “Nova Faesp” com o objetivo de acabar com a “Capitania Hereditária” imposta por Fábio de Salles Meirelles, 12 reeleições e 48 anos de comando na Federação da Agricultura do Estado de São Paulo, que tenta emplacar seu filho Tirso como seu sucessor através de eleições anuladas pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região. Junqueira pede também intervenção na Faesp/Senar. (Da Redação e Foto de Douglas Intrabartolo)

 

Resultado do primeiro turno indica concentração de prefeitos em partidos como União e PL.

O União Brasil e o PL ganharam quase metade das prefeituras dos 100 municípios mais ricos do agronegócio do País. Os partidos venceram em 47 cidades com maior Valor da Produção Agrícola (VBP) nacional. O União venceu em 25, ou um quarto do total, e o PL levou a vitória em 22. Os números reiteram a predominância da centro-direita nos municípios agrícolas e o alinhamento de líderes e entidades do setor produtivo ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Juntos, estes municípios concentram 16% do VBP nacional, somando R$ 130,405 bilhões do total de R$ 814,508 bilhões. Levantamento feito pelo Estadão/Broadcast Agro cruzou dados dos municípios com maior valor da produção da pesquisa anual de Produção Agrícola Municipal (PAM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes a 2023, com os dados de votação das prefeituras de cada município disponíveis no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

Na sequência entre os partidos que conquistaram maior número de prefeituras nos municípios mais ricos do agro, o MDB aparece com 18, distribuídas sobretudo em Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Do total das 100 cidades que figuram no ranking, o Republicanos e o Partido Progressistas (PP) ganharam o comando municipal em oito municípios cada, em especial em Mato Grosso, Maranhão, Minas Gerais e Bahia. O PSD, que elegeu o maior número de prefeitos no primeiro turno, ganhou em apenas quatro dos 100 municípios mais ricos do agro, sendo dois na Bahia. Também aparecem nesse recorte de municípios, prefeitos do PSDB, PSB, PT, Democracia Cristã e Partido da Renovação Democrática (PRD), mas em menor proporção.

Somando as legendas alinhadas ao Centrão, o grupo de partidos políticos responde por 66 das prefeituras dos 100 municípios mais ricos do agronegócio - considerando União Brasil, MDB, Republicanos, PP e PSD. Ainda entre os 100 municípios, um terá disputa definida no segundo turno, em outros dois o pleito eleitoral está sub judice e na capital federal não há eleição para prefeito.

No topo da lista com maior valor da produção agrícola está Sorriso (MT), polo produtor de grãos, onde foi eleito o prefeito Alei Fernandes (União Brasil), com 51,33% dos votos válidos. Entre os 10 maiores VBPs da lista, o placar de partidos é de quatro prefeituras conquistadas pelo União Brasil (Sorriso, Diamantino, Nova Ubiratã e Nova Mutum, todas em Mato Grosso), duas para o PL (Campo Novo dos Parecis, MT, e Jataí, GO), e um município cada para PP (São Desidério, BA), Republicanos (Sapezal, MT), MDB (Rio Verde, GO) e PSD (Formosa do Rio Preto, BA).

O líder entre as legendas com maior presença nos municípios agrícolas, o União Brasil liderou em prefeituras conquistadas em Mato Grosso, maior Estado produtor de grãos e carne bovina do País, em 16 municípios. O União venceu também em quatro dos municípios mais ricos do agro de Goiás. Em comum, ambos Estados são liderados por governadores do União e com gestões bem avaliadas entre a população local, Mauro Mendes em Mato Grosso e Ronaldo Caiado em Goiás. O PL teve a sua maior presença entre os municípios mais ricos do agro em Mato Grosso, onde conquistou 10 prefeituras com os maiores VBPs agrícolas.

Economia e costumes

Para o consultor político e diretor-executivo da Action Consultoria, João Henrique Hummel, o resultado reflete as estruturas dos Estados de economia intrinsecamente agrícolas, como Mato Grosso. “A forças desses partidos nos municípios vem da estrutura dos Estados que estão localizados em áreas de maior representatividade do agronegócio. E o agro se aproveita desse movimento para ter representatividade junto às forças políticas”, afirmou Hummel. Ele foi um dos fundadores da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e acompanha as relações entre agronegócio e política.

O consultor observa que o maior alinhamento do agronegócio aos partidos de centro-direita deve-se à pauta econômica - de menor intervenção estatal - e de costumes - ligada a armamento, segurança e direito à propriedade privada. “O centrão vai ser o grande parceiro do agro, porque a agricultura ganha, cada vez mais, importância no cenário internacional e no sistema macroeconômico do País. Como os partidos do centrão são pragmáticos terão de se aproximar da agricultura para dar sustentação à economia brasileira”, observou (Estadão, 8/10/24)

 



Partido de Bolsonaro foi o que mais elegeu prefeitos no 1º turno nas maiores cidades do País

Bolsonaro saúda apoiadores em ato de 7 de Setembro na Avenida Paulista.  Foto Tiago Queiroz-Estadão

 

PL fez 10 prefeitos entre os 103 principais centros urbanos do País; PT de Lula elegeu apenas dois prefeitos no primeiro turno nesse mesmo grupo de municípios.

 

PL foi o partido que elegeu o maior número de prefeitos nas 103 maiores cidades do País. Ao todo, a legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro e de Valdemar Costa Neto fez 10 prefeitos nos 103 principais centros urbanos do País, sendo seguida pelo União Brasil, que fez nove prefeitos.

 

O PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, elegeu apenas dois mandatários no primeiro turno nesse mesmo grupo de cidades. Nos dois casos, tratam-se de prefeitas que tentavam a reeleição: Marília Campos, em Contagem (MG), e Margarida Salomão, em Juiz de Fora (MG).

 

Partidos de centro-direita como o PP (7), PSD (5), MDB (5) e Republicanos (4) também conseguiram eleger prefeitos no primeiro turno e aguardam o resultado do segundo para adicionar mais representantes no Executivo municipal.

Esses 103 municípios são aqueles que, por terem mais de 200 mil eleitores, têm a possibilidade de realizar um segundo turno das eleições. Nessas localidades, estão concentrados 60,5 milhões dos 155 milhões de eleitores brasileiros aptos a votar neste ano. Os resultados eleitorais nessas prefeituras são importantes pela influência que os eleitos adquirem e porque indicam como o eleitorado tem se guiado nos principais centros urbanos do Brasil.

A seguir, o número de prefeitos que cada partido conseguiu eleger já no primeiro turno nesse grupo de 103 maiores cidades do País:

  • PL: 10
  • União Brasil: 9
  • PP: 7
  • PSD: 5
  • MDB: 5
  • Republicanos: 4
  • Podemos: 3
  • PT: 2
  • PSDB: 2
  • PSB: 2
  • Novo: 1
  • Avante: 1

O PL também é o partido com mais candidatos no segundo turno, com 24 disputas em aberto. Neste recorte, o PT é a sigla que vem logo atrás da legenda de Valdemar e de Jair Bolsonaro, com 13 candidatos na segunda parte do pleito.

O resultado das urnas mostra que o PL larga na frente no segundo turno e que o PT terá muito trabalho para vencer. O partido de Bolsonaro tem 13 candidatos que foram para o segundo turno à frente de seus adversários, enquanto a legenda de Lula tem apenas cinco candidatos nessas circunstâncias – o que demonstra a dificuldade que os petistas terão para virar alguns cenários e tentar eleger mais prefeitos.

Veja o número de candidatos no segundo turno por partido:

  • PL: 24
  • PT: 13
  • União Brasil: 11
  • PSD: 10
  • MDB: 9
  • Republicanos: 7
  • PP: 6
  • PSDB: 5
  • Podemos: 5
  • PDT: 4
  • PSOL: 2
  • PSB: 2
  • Novo: 2
  • Solidariedade: 1
  • PMB: 1
  • Cidadania: 1
  • Avante: 1

O resultado do primeiro turno das eleições municipais deste ano representa a primeira demonstração de força a nível municipal da “profissionalização política do bolsonarismo”. O grupo político do ex-presidente, em 2020, ainda encontrava-se disperso em várias legendas, já que o próprio Bolsonaro estava sem partido. Foi somente no fim de 2021 que o ex-presidente filiou-se ao PL e deu início ao processo de “profissionalização” na política.

PL mais que triplica votos e eleição prenuncia dois anos difíceis para Lula

O partido de Bolsonaro mostrou ao mundo político neste primeiro turno que tem algo a oferecer: votos. O partido teve 15,7 milhões. Foi o campeão deste domingo nessa métrica. O crescimento foi de 236,2%, de acordo com levantamento do site de notícias Poder360.

O PT de Lula também cresceu, mas o movimento foi muito menor. O partido passou de 6,9 milhões no primeiro turno de 2020 para 8,9 milhões. A subida foi de 28,2% partindo de um patamar considerado o fundo do poço do partido. Neste ano, o PT foi o sexto mais votado do primeiro turno.

 

Nenhum dos outros quatro partidos mais bem colocados nas votações do primeiro turno estava na chapa presidencial de Lula em 2022. PSD (14,5 milhões de votos), MDB (14,4 milhões), União Brasil (11,3 milhões) e PP (9,9 milhões) apoiam o governo, mas só se uniram ao petista depois de eleito e cobraram um fatura alta – em ministérios, emendas e cargos – mesmo sem dar nem perto de 100% de suporte aos projetos do Executivo.

Além disso, os dois aliados mais poderosos de Lula nos municípios foram reeleitos sem depender tanto da ajuda do presidente da República. João Campos (PSB, reeleito com 78,11% dos votos no Recife) e Eduardo Paes (PSD, 60,47% no Rio de Janeiro) fizeram um jogo duríssimo com o PT na pré-campanha porque sabiam que suas reeleições só dependiam deles mesmos. Em vez de vices petistas, fecharam chapas com integrantes dos próprios grupos políticos.

 

Os resultados prenunciam dois anos finais de mandato difíceis para Lula. Senadores e, principalmente, deputados de fora da esquerda olharão para os números e confirmarão a hipótese de ser melhor para sua sobrevivência política manter uma distância segura de Lula. Cobrarão cargos e verbas com ainda menos vontade de abraçar o governo. E, dessa vez, com mandato do petista mais perto de seu final.

Há meses é aguardada uma reforma ministerial para depois das eleições para presidente da Câmara e do Senado, marcadas para fevereiro. O rearranjo levará em conta os resultados nos municípios. Se não houver uma reviravolta no segundo turno, como vitórias de Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo e Evandro Leitão (PT) em Fortaleza, Lula deverá entrar nessa negociação mais fraco do que estava na semana passada.observou (Estadão, 8/10/24)