14/06/2024

Saída de Neri Geller não prejudica Plano Safra 2025/25, diz assessor

Saída de Neri Geller não prejudica Plano Safra 2025/25, diz assessor

Neri Geller, Lula e Fávaro. Foto Reprodução Blog A Bronca Popular

A saída de Neri Geller da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura a duas semanas do lançamento do novo Plano Safra 2024/25 não vai prejudicar o anúncio das medidas e nem as tratativas em andamento para a política agrícola, garante o assessor especial do ministro da Agricultura, Carlos Ernesto Augustin. "O Plano Safra está encaminhado entre o Ministério da Agricultura e o Ministério da Fazenda. A proposta da Agricultura já havia sido enviada à Fazenda e está sendo avaliada pelos técnicos da equipe econômica", disse Augustin em entrevista exclusiva ao Broadcast Agro na manhã desta quarta-feira.

O Plano Safra 2024/25 para a agricultura empresarial deve ser anunciado em 26 de junho em cerimônia no Palácio do Planalto com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de acordo com Augustin. A principal política pública de crédito para o agronegócio começa em 1º de julho e se estende até 30 de junho de 2025.

Até o anúncio, as tratativas do Plano Safra entre a equipe econômica do governo e os técnicos da Agricultura seguirá sendo conduzida pelo diretor do Departamento de Política de Financiamento ao Setor Agropecuário da Secretaria de Política Agrícola, Wilson Vaz de Araujo. Araujo é servidor de carreira da pasta, ex-secretário e acompanha as discussões do Plano Safra há anos. O seu nome é muito bem visto pelo setor produtivo. "Wilson participa de todas as discussões do Plano Safra desde o início, assim como fez no Plano Safra passado", comentou Augustin. Para o assessor, as discussões nessa reta final do plano vão seguir centralizadas no Ministério.

No primeiro momento, o cargo de secretário da pasta permanecerá vago, segundo Augustin. Geller foi exonerado do Ministério da Agricultura hoje por indícios de conflito de interesse e conexões com intermediários do leilão de importação de arroz do governo federal. "Não há tempo hábil de trabalhar em outras indicações até o lançamento do Plano Safra. Além disso, Wilson tem muita experiência", observou o assessor especial do ministro. Augustin está acompanhando os desdobramentos nesta quarta-feira, enquanto Fávaro acompanha Lula em agenda no Fórum de Investimentos Prioridade 2024 do Instituto da Iniciativa de Investimentos Futuros (FII Institute) no Rio de Janeiro. Wilson deve ser promovido a secretário-adjunto da pasta ou a interino, o que será definido ainda hoje internamente no Ministério.

Augustin destacou que a Agricultura tem duas metas principais no próximo Plano Safra: ampliar o montante de recursos disponíveis para a agricultura empresarial e reduzir o nível geral de juros aplicados no Plano, em linha com a redução da taxa básica, a Selic. "A nossa proposta é aumentar os recursos, mas precisamos aguardar a disponibilidade orçamentária do governo. Quanto aos juros, tem espaço para a queda porque a própria Selic passou de 13,75% há um ano para 10,5%", pontuou. Augustin citou como demandas prioritárias da pasta o aumento de recursos para investimento, a ampliação do orçamento do seguro rural, o maior direcionamento de recursos de fontes obrigatórias para o crédito rural (exigibilidade), a criação de contratos de opções para incentivo ao plantio de alimentos básicos e a expansão do custeio sustentável.

O pedido do Ministério da Agricultura é por R$ 452,3 bilhões para financiamentos para médios e grandes produtores na safra 2024/25, 24% mais ante os R$ 364,2 bilhões disponibilizados para custeio, investimento e comercialização da agricultura empresarial na safra passada. Os números foram apresentados pela equipe técnica da Agricultura à Fazenda no fim de maio. A Agricultura estima a necessidade de orçamento de R$ 10 bilhões para subvenção das taxas de juros do Plano Safra. O valor está sob análise da equipe econômica.

Como mostrou o Broadcast Agro ontem, a equipe econômica está levantando dados para identificar os recursos disponíveis para o Plano Safra 2024/25 e ainda não bateu o martelo quanto ao orçamento do programa. Pela parte da Fazenda, a preocupação é finalizar o levantamento de fontes de recursos disponíveis - livres, equacionados, recursos controlados - e da demanda dos bancos para fechar o orçamento do Plano Safra (Broadcast, 13/6/24)