17/02/2023

Seca faz RS perder 35 milhões de toneladas de soja e milho em quatro safras

Seca faz RS perder 35 milhões de toneladas de soja e milho em quatro safras

SOJA SECA Foto Pedro Silvestre Canal Rural

Perdas somam 35% do total esperado de 101 milhões de toneladas para o período.

As fortes estiagens que têm castigado o Rio Grande do Sul nos últimos anos provocaram uma perda de 35,4 milhões de toneladas nas últimas quatro safras, levando em consideração apenas milho e soja.

Os números são a comparação das perspectivas iniciais de produção da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) com o volume colhido no final de cada safra. No caso da safra 2022/23, os dados ainda são bastante preliminares e, a continuar o clima seco no estado, a perda poderá ser ainda maior.

O potencial de produção de soja e de milho das safras 2019/20 a 2022/23 poderia chegar a 101,3 milhões de toneladas no estado, mas ficou em apenas 67,7 milhões. Isso significa que a seca destruiu um terço da produção esperada.

As perdas no campo, além de afetar os produtores, refletem em toda a economia do estado. O Rio Grande do Sul tinha o 4º maior VBP (Valor Bruto da Produção) nacional, mas, com essas quebras de safras, passou para o 5º lugar.

O VBP mede as receitas obtidas dentro da porteira pelos produtores, vindas dos 17 principais produtos agrícolas e das proteínas. Conforme dados do Ministério da Agricultura, o VBP do estado recuou para R$ 92,4 bilhões no ano passado, após ter atingido R$ 122,3 bilhões em 2021.

Essa queda de produção ocorre mesmo com grande expansão da área plantada de algumas culturas. Da safra de 2017/18 para a atual, a área de soja aumentou 16% no estado. A de milho ficou estável e a de arroz perdeu 20% de espaço.

Mais rentável e ocupando áreas que com a seca ficaram pouco produtivas para o arroz, a soja avança e, neste ano, ocupa 6,46 milhões de hectares no estado.

A área de arroz recuou para 863 mil hectares, o menor espaço dedicado ao cereal no Rio Grande do Sul desde a safra 1997/98.

Os gaúchos, que chegaram a liderar a produção de soja até meados de 1990, cedendo o lugar para os paranaenses, sofreram fortes secas nas últimas décadas. Mato Grosso lidera a produção atualmente.

Após ter atingido 9,6 milhões de toneladas em 2002/03, o volume de soja colhido no Rio Grande do Sul recuou para 2,9 milhões em 2004/05. Em 2020/21, a produção atingiu 20,8 milhões de toneladas, mas diminuiu para 9,1 milhões na safra seguinte.

Ao contrário da soja e do milho, o trigo vai bem no estado. Após cinco safras seguidas de crescimento, a produção atingiu o recorde de 5,73 milhões de toneladas em 2022.

No período de 2017 a 2022, a área de plantio aumentou 107%, e a produção, 348%, segundo dados da Conab.

Calor no RS 

Devido ao clima adverso no Rio Grande do Sul, a AgRural reduziu a previsão de produção de soja no país para 150,9 milhões de toneladas, uma queda de 2,1 milhões em relação à estimativa de janeiro.

As adversidades climáticas se repetem e a agência revisou a estimativa de safra dos gaúchos para 16,1 milhões de toneladas, uma queda de 4,3 milhões em relação aos números de janeiro (Folha de S.Paulo, 17/2/23)


Governo federal prepara pacote de auxílio a agricultores afetados pela seca no RS

O prejuízo financeiro pela seca nas lavouras de soja do Rio Grande do Sul na safra 2022/23 foi estimado em R$ 28,38 bilhões.

O governo federal prepara um pacote de medidas a serem anunciadas nos próximos dias para auxiliar pequenos e grandes produtores do Rio Grande do Sul a enfrentar a estiagem severa que afeta o estado mais uma vez.

O ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta, chegou a dizer em sua conta no Twitter que as medidas seriam anunciadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda hoje (16).

No entanto, fontes afirmaram à Reuters que não há ainda definição de medidas, o que deve acontecer em uma nova reunião na sexta-feira. Pimenta apagou a publicação.

O prejuízo financeiro pela seca nas lavouras de soja do Rio Grande do Sul na safra 2022/23 foi estimado em R$ 28,38 bilhões, de acordo com levantamento envolvendo 21 cooperativas e divulgado pela FecoAgro/RS hoje (16).

Segundo as fontes ouvidas pela Reuters, um encontro nesta quinta entre os ministérios da Agricultura, Casa Civil, Fazenda, Desenvolvimento Regional e Desenvolvimento Agrário definiu que será necessário um pacote para tentar minimizar as perdas da produção no estado, e cada um dos ministérios irá apresentar alternativas no encontro de amanhã (17).

Uma das medidas que já vinham sendo estudadas é a inclusão do Rio Grande do Sul no programa Água para Todos, de construção de cisternas, que vai ser retomado pelo governo.

Criado no primeiro governo Lula e abandonado durante o mandato de Jair Bolsonaro, o Água para Todos era centralizado apenas na região Nordeste.

 No entanto, com os anos seguidos de estiagem enfrentados pelo Rio Grande do Sul no verão, o governo vem avaliando que os pequenos produtores do estado podem se beneficiar das cisternas.

 De acordo com dados do governo gaúcho, o Rio Grande do Sul também enfrenta problemas na produção de milho, hortaliças e na produção de leite, devido a altas temperaturas e pouca chuva na maior parte do estado (Reuters, 16/2/23)