28/10/2020

Segunda onda do vírus traz incertezas para carnes nos EUA

Segunda onda do vírus traz incertezas para carnes nos EUA

Coronavírus, eleição e recuperação lenta da economia geram cenário desconfortável, segundo banco.

O mercado de carnes pode ficar agitado novamente nos Estados Unidos neste quarto trimestre, se houver a concretização de uma segunda onda de coronavírus no país.

Houve uma estabilização da primeira onda, mas em patamar elevado de casos. O ritmo do avanço do vírus atualmente, como ocorre na Europa, está mais intenso e pode gerar uma segunda onda.

Nos primeiros meses da pandemia, quando a indústria estava menos preparada e enfrentava uma doença nova, a cadeia de proteínas teve forte baque na produção, restrição de oferta e elevação de preços.

Em um estudo sobre o desempenho do setor agropecuário dos Estados Unidos no quarto trimestre, o Rabobank, banco especializado em agronegócio, diz que pode ocorrer uma possível instabilidade no período.

Esse cenário pouco confortável não está associado só à intensificação da Covid-19, mas a uma série de outros fatores pendentes no país.

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A recuperação da economia é lenta, e o país vive um processo acirrado de eleição presidencial. Esta, até por uma eventual demora na apuração final, poderá trazer ainda mais agitação no mercado.

Além de conviver com um final de ano com demanda menor, as empresas de proteínas têm elevação de custos. Além disso, o confronto comercial com a China traz desestímulos ao setor.

Esses ventos contrários, como chama o Rabobank, podem causar turbulências e colocar a recuperação do quarto trimestre em teste.

A produção de carne bovina não evolui neste ano e fica praticamente no mesmo patamar da de 2019. No setor de suínos, devido à importação da China, os abates aumentam e já são 95% do que eram antes da pandemia.

A suinocultura americana está sendo beneficiada ainda pela interrupção das exportações da Alemanha, que registrou o primeiro caso de peste suína africana.

Os avicultores estão de olho no mercado externo, uma vez que os preços são baixos no país. A produção deve ter um ritmo de crescimento semelhante ao de 2019, registrando alta de 1%.

Qualquer interrupção na oferta de carnes diminui exportações e eleva preços internos. Esse cenário mexeria também com os preços no Brasil, que já estão em patamares recordes (Folha de S.Paulo, 28/10/20)