25/10/2019

Sem provas, Salles insinua que Greenpeace é culpado por manchas de óleo

Sem provas, Salles insinua que Greenpeace é culpado por manchas de óleo

Criticado pela gestão da crise no litoral do Nordeste, ministro do Meio Ambiente volta a atacar ONG, que anuncia que pretende entrar na Justiça contra Salles. Insinuação foi alvo de reprimenda do presidente da Câmara.

    

 

Legenda: Ao insinuar culpa do Greenpeace, Salles segue caminho similar ao de Bolsonaro, que tentou responsabilizar, também sem provas, ONGs por queimadas na Amazônia

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, voltou nesta quinta-feira (25/10) a atacar o Greenpeace, uma das principais ONGs ambientais do mundo. Sem apresentar qualquer prova, ele insinuou, em mensagem no Twitter, que a organização pode estar por trás das manchas de óleo que atingem o litoral do Nordeste desde o início de setembro.

"Tem umas coincidências na vida né... Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento de óleo venezuelano…(sic)”, escreveu Salles.

Ricardo Salles MMA

✔@rsallesmma

 Tem umas coincidências na vida né... Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento de óleo venezuelano...

 

21.9K

1:32 PM - Oct 24, 2019

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Junto ao texto, o ministro ainda publicou uma foto do navio Esperanza, que pertence à ONG, dando a entender que a foto é atual. Porém, a imagem é de 2016 e foi tirada no Oceano Índico.

Essa é a segunda vez em três dias que o ministro usa as redes sociais para fazer insinuações – sem provas – contra o Greenpeace. Na terça-feira, ele já havia publicado a versão editada de um vídeo originalmente publicado pelo Greenpeace Brasil, insinuando que o grupo não estava atuando nos esforços de combate ao óleo.

O vídeo publicado por Salles, porém, era mais curto que o original e suprimia um trecho em que um porta-voz falava claramente que voluntários do Greenpeace estavam atuando na limpeza das praias.

Na quarta-feira, Salles também chamou os membros da ONG de "ecoterroristas” após o grupo organizar um protestoem frente ao Palácio do Planalto.

O Greenpeace, assim como outras ONGs e governos estaduais do Nordeste, vem criticando o governo Bolsonaro pela demora e falta de ações efetivas para conter o desastre ambiental no Nordeste.

Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, Salles só acionou o Plano Nacional de Contingência do governo federal, uma diretriz criada em 2013 para lidar com situações de emergência como a do vazamento de óleo, 41 dias depois de terem surgido as primeiras manchas de petróleo no litoral nordestino.

Já o G1 apontou que o departamento responsável por definir estratégias para emergências ambientais no Ministério do Meio Ambiente ficou sem chefe por seis meses neste ano. O cargo de direção do Departamento de Qualidade Ambiental e Gestão de Resíduos só foi ocupado 35 dias depois do início da crise no litoral nordestino.

Ao insinuar que o Greenpeace teria alguma relação com as manchas de óleo, Salles adotou uma tática similar ao do presidente Jair Bolsonaro, que em agosto insinuou - também sem provas - que ONGs estariam por trás das queimadas que castigavam a Amazônia. À época, Bolsonaro também estava sendo alvo de críticas pela falta de ação para conter o desmatamento e o fogo.

Em nota, o Greenpeace afirmou que pretende tomar "medidas legais cabíveis” contra o ministro. "As autoridades têm que assumir responsabilidade e responder pelo Estado de Direito pelos seus atos”, disse a ONG.

O Greenpeace ainda apontou que o navio Esperanza "faz parte de uma campanha internacional chamada ‘Proteja os Oceanos', que saiu do Ártico e vai até a Antártida ao longo de um ano, denunciando as ameaças aos mares. A ONG ainda afirmou a embarcação passou pela Guiana Francesa, entre agosto e setembro, onde realizou uma expedição de documentação e pesquisa do sistema de recifes da Amazônia.

Greenpeace Brasil

✔@GreenpeaceBR

11H

Novamente @rsallesmma cria falsas acusações para esconder sua incompetência em agir e proteger as pessoas e o meio ambiente. Sua postura não é digna do cargo que ocupa. Quem nos acusa sofreu CONDENAÇÃO por fraude ambiental e MENTIU que estudou em Yale. #InimigoDoMeioAmbiente

Greenpeace Brasil

✔@GreenpeaceBR

Tomaremos todas medidas legais cabíveis contra todas as declarações do Ministro Ricardo Salles. As autoridades têm que assumir responsabilidade e responder pelo Estado de Direito pelos seus atos. Nosso posicionamento completo: https://www.greenpeace.org/brasil/press/posicionamento-ricardo-salles-foge-de-sua-responsabilidade-mais-uma-vez/ 

 

Posicionamento - Ricardo Salles foge de sua responsabilidade mais uma vez - Greenpeace Brasil

Enquanto o óleo continua atingindo as praias do Nordeste, o ministro Ricardo Salles nos ataca insinuando que seríamos os responsáveis por tal desastre ecológico.

greenpeace.org

 

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5:55 PM - Oct 24, 2019

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Segundo o Greenpeace, a embarcação não tem capacidade para armazenar e transportar uma carga de centenas de toneladas de petróleo. Segundo a Marinha, na última segunda-feira já haviam sido retiradas no litoral nordestino 900 toneladas de óleo cru. 

"Enquanto o óleo continua atingindo as praias do Nordeste, o ministro Ricardo Salles nos ataca fazendo insinuações sobre o desastre ecológico. Trata-se, mais uma vez, de criar uma cortina de fumaça na tentativa de esconder a incapacidade de Salles em lidar com a situação. É bom lembrar que isso vem de alguém conhecido por mentir que estudava em Yale e ser condenado na Justiça por fraude ambiental”, disse.

A insinuação de Salles ainda rendeu uma reprimenda do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em uma mensagem no Twitter, Maia escreveu ao ministro: "Estamos esperando uma posição oficial do Ministério do Meio Ambiente". Pouco depois, Salles respondeu baixando um pouco o tom da sua insinuação, desta vez afirmando, novamente sempre provas, que o navio do Greenpeace "não (sic) se prontificou a ajudar” quando passou pelo litoral do Nordeste quando apareceram as primeiras manchas.

Maia agradeceu pela resposta, mas disse que o tuite do ministro fez "uma ilação desnecessária”.

Ricardo Salles MMA

✔@rsallesmma

 

 

Presidente, o navio do Greenpeace confirma que navegou pela costa do Brasil na época do aparecimento do óleo venezuelano, e assim como seus membros em terra, nao se prontificou a ajudar. https://twitter.com/rodrigomaia/status/1187465755157098504 …

✔@RodrigoMaia

Estamos esperando uma posição oficial do Ministério do Meio Ambiente. https://congressoemfoco.uol.com.br/especial/noticias/salles-sugere-que-navio-do-greenpeace-derramou-oleo-no-nordeste/ …

 

Rodrigo Maia

✔@RodrigoMaia

 

Ministro, obrigado pela resposta, mas o seu tuíte faz uma ilação desnecessária.

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6:13 PM - Oct 24, 2019

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(DW, 24/10/19)


Vazamento ideológico do ministro Ricardo Salles

  

A visita do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, a áreas do litoral baiano atingidas pelo misterioso derramamento de óleo que afeta o Nordeste chamou a atenção pela ausência de autoridades do estado.

 

Assim quis Salles, que jogou o protocolo para as calendas e não comunicou sua viagem ao governador da Bahia, o petista Rui Costa, e tampouco às autoridades ambientais locais. Ao que parece, fez de tudo para sair sozinho na foto, sem a esquerda do lado (Relatório Reservado, 24/10/19)