24/01/2025

Setor de máquinas agrícolas caiu 20% em 2024, diz Anfavea

Setor de máquinas agrícolas caiu 20% em 2024, diz Anfavea

MAQUINAS AGRICOLAS-TRATORES-Foto Divulgação

O setor de máquinas agrícolas registrou vendas de 48,9 mil unidades no atacado em 2024. O número representa uma queda de 19,8% em comparação a 2023, mostram os dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgados nesta quinta-feira (23).

A queda foi mais evidente justamente no segmento de colheitadeiras, e não tanto no dos tratores, aponta a entidade que considera que em 2025 não se espera mudança nos patamares.

“Só uma política consistente de Plano Safra pode fazer o setor ter uma recuperação ao longo deste ano”, diz a Anfavea, em nota.

Já as exportações de máquinas agrícolas tiveram queda de 31%, com envios de 6 mil unidades, e deverão crescer apenas 1% pelas projeções da Anfavea.

“O ponto de maior atenção no momento é para as importações. O crescimento acentuado dos importados transformou o superávit em déficit na balança comercial desde o ano passado, dobrando o déficit em 2024″, afirma o presidente da Associação, Márcio de Lima Leite.

A preocupação se justifica nos números: mais de 55% das máquinas importadas são oriundas da China e 26% da Índia. A participação da China na importação de máquinas nas Américas foi de 7,7% para 12,7%.

“Nos causa grande preocupação o aumento da participação das máquinas importadas nas compras públicas, com destaque para as empresas com menos de 20 empregados. Estamos levando ao poder público essa questão que prejudica o nível de emprego no Brasil, a competitividade das nossas empresas, a inovação e até o atendimento dos clientes, que no final do processo sofrem com falta de uma rede confiável para assistência técnica. O resumo é que todos no país saem perdendo”, avalia Leite.

Diante dos índices negativos para o setor, a Anfavea divulgou a sua agenda prioritária para 2025 com seis metas:

 

·         Criação de condições atrativas de financiamento do Plano Safra e do BNDES para máquinas agrícolas e de construção, além de novas fontes de crédito

·         Recomposição da alíquota do Imposto de Importação, de 14%

·         Políticas de garantia e financiamento para exportação

·         Reindustrialização da cadeia de fornecedores

·         Renovação da frota de máquinas agrícolas e de construção, e expansão da mecanização

·         Aperfeiçoamento da política de compras públicas de máquinas, sem prejuízo à indústria local, ao emprego e à inovação (Canal Rural, 23/1/25)



Após andar de ré em 2024, máquinas agrícolas vão patinar em 2025

Vendas recuaram 20% no ano passado e devem permanecer em 48,9 mil unidades neste ano.

A indústria de máquinas agrícolas, que andou de ré no ano passado, vai apenas patinar neste ano, sem sair do lugar. Este é o desenho previsto pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). As vendas, que recuaram para 48,9 mil unidades e caíram 20% sobre as de 2023, devem ficar no mesmo patamar em 2025.

O setor vinha vivendo um período de forte aceleração nos anos recentes. Um dos melhores momentos foi 2022, quando as vendas somaram 70,3 mil unidades. O Brasil entrou em uma escalada de safras recordes, os preços internacionais das commodities estavam elevados, e o produtor viveu um período de renda cheia.

O resultado foi um maior investimento em tecnologia, principalmente em maquinário agrícola. Os juros estavam baixos e o produtor tinha liquidez.

O cenário mudou, e os produtores se retraíram, adiando investimentos e forçando a indústria de máquinas a diminuir custos e a reduzir o quadro de trabalhadores.

A menor renda do produtor é espelhada pelo VBP (Valor Bruto da Produção) do Ministério da Agricultura. O VBP mede as receitas obtidas pelos produtores dentro da porteira com a venda de suas mercadorias. De 2019 a 2021, o VBP subiu de R$ 948 bilhões para R$ 1,23 trilhão, uma alta de 30%. Ficou estável nos anos seguintes, em termos reais, e só volta a subir em 2025. A previsão é de aumento de 11,5%, para R$ 1,4 trilhão.

No ano passado, as vendas de tratores, que chegaram a 61,4 mil unidades em 2022, recuaram para 45,6 mil. Já as de colheitadeiras caíram para apenas 3.288 em 2024, bem abaixo das 8.221 de 2022.

Este ano continuará sendo um período difícil para o setor, segundo Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea. O aumento da Selic torna os financiamentos extremamente complexos e impactam na produção. Além disso, a desvalorização do real e a queda nos preços das commodities afetam os produtores.

Os pontos positivos para o ano são aumento da demanda por alimentos, maior utilização de biocombustíveis, principalmente de etanol, e a busca por maior descarbonização.

Leite alerta para um crescimento rápido da presença de outros países no fornecimento de máquinas agrícolas e de construção na América Latina, principalmente a da China.

No setor de máquinas agrícolas a atuação chinesa aumenta forte na Colômbia, Paraguai, Argentina, Uruguai e Chile. A participação da China nas vendas da Colômbia no ano passado subiu para 44%, acima dos 30% de 2023.

No setor de máquinas para construção, a participação chinesa aumenta ainda mais, e abrange toda a América. No Brasil, essa invasão ocorre principalmente nas compras públicas.

Várias dessas fornecedoras, alojadas no mesmo espaço de uma pequena saleta, não têm parque fabril no país e exercem a função de "apenas encher pneus e trocar logomarca", afirma Leite.

As vendas de máquinas para construção subiram para 37,1 mil unidades no ano passado, 22% a mais do que em 2023, mas o número ainda foi inferior ao de 2022, quando o setor havia comercializado 39 mil unidades. Em 2025, serão 38,2 mil, segundo a Anfavea.

De 17% a 20% dessas máquinas para construção são adquiridas para trabalho na agricultura e na pecuária (Folha, 23/1/25)