25/11/2024

Sindicalistas organizam ato nacional por boicote ao grupo francês Carrefour

Sindicalistas organizam ato nacional por boicote ao grupo francês Carrefour

Autor Carol Galand – Site boycottcitoyen.wordpress.com

Uma “força tarefa” reunindo lideranças da cadeia produtiva da carne foi criada nesta última 6ª feira (22) com o objetivo de organizar para os próximos dias um ato nacional por boicote ao grupo francês Carrefour. De acordo com Antonio Vitor, presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação do Estado de São Paulo, vice-presidente e diretor de Relações Internacionais da Força Sindical Nacional, além do boicote a força tarefa quer desmistificar os atos promovidos pretensamente por agricultores franceses para impedir o acordo Mercosul – União Europeia.


Antonio Vitor é presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação do Estado de São Paulo. Foto Divulgação

“Se os franceses não querem comprar produtos do agro brasileiro, o problema é deles. Há mercados ávidos em garantir a importação de alimentos com a qualidade que produzimos aqui. Agora, esta conversinha fiada de que produzimos sem sustentabilidade social e ambiental, é conversa pra boi dormir. Basta um telefonema do presidente Lula ao presidente chinês Xi Jinping que toda nossa exportação atual para a França pode ser transferida para o mercado chinês”, afirmou o sindicalista.

 

“E se na França, os pretensos agricultores que não passam de anarquistas, arruaceiros e chantagistas, que se divertem em jogar esterco em prédios públicos e ameaçarem o agro brasileiro, nós aqui no Brasil vamos enfrentar esta arrogância com uma série de atos que servirão para que nos respeitem”. Sem detalhes, Antonio Vitor passou as últimas horas do final de semana estabelecendo contatos com outros sindicalistas e até mesmo com sindicalistas patronais, associações de classe e com políticos.

 

“Desde já conclamo para que nossas lideranças venham juntos com o nosso movimento e que os brasileiros deixem de comprar nas lojas com as marcas Carrefour e Atacadão. Autoridades de Brasília já tem se manifestado a favor do boicote e juntos vamos deixar claro que aqui, no Brasil, não somos quintal da França ou de qualquer outro país. Respeitamos e exigimos respeito”, alertou.

Miguel Torres, presidente da Força Sindical Nacional já está engajado na “força tarefa” criada para rebater os atos e a infâmia dos franceses  contra o agro brasileiro. Foto Reprodução Youtube

 

Antonio Vitor confirmou que conta com todo o apoio nesta “força tarefa” contra os franceses de um dos mais respeitados e importantes líderes do sindicalismo brasileiro, que é Miguel Torres, presidente da Força Sindical Nacional, dos Metalúrgicos de São Paulo e da Confederação Nacional dos Metalúrgicos.

 

“Nosso companheiro Miguel Torres colocou toda a estrutura da Força Sindical a favor da nossa “força tarefa” em defesa do agro nacional lembrando que o setor emprega cerca de 30 milhões de brasileiros, o Brasil exporta alimentos para 190 países sendo o maior exportador de alimentos industrializados do mundo e, segundo a Embrapa, alimentamos cerca de 10% da população mundial o que corresponde a 800 milhões de pessoas”.

 

O Carrefour é o maior grupo varejista do País e o único com presença nacional e atuação em todos os Estados e Distrito Federal. Conta com 130 mil funcionários, 1.180 lojas, mais de 60 milhões de clientes/mês, 440 imóveis próprios, 300 galerias e 3 shopping centers (Da Redação, 25/11/24)

 



Federação de hotéis e restaurantes de SP se une ao agro e pede boicote ao Carrefour

Por Marcelo Toledo

Depois de ter anunciado veto à carne do Mercosul, varejista diz que restrição vale só para lojas da França.

Hotéis e restaurantes de São Paulo se uniram a entidades ligadas ao agronegócio e estão pedindo boicote ao Carrefour após o presidente mundial da empresa francesa, Alexandre Bompard, publicar que a rede francesa não iria oferecer em seus pontos de venda carne produzida em países do Mercosul.

Apesar de, no dia seguinte, o Carrefour ter afirmado que a medida se aplicaria apenas às lojas da França e que não se referia à qualidade do produto sul-americano –e sim a uma demanda do setor agrícola no país europeu–, o veto gerou uma onda de críticas e de pedidos de retratação de entidades do agronegócio.

Primeiro foi um comunicado conjunto de Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), SRB (Sociedade Rural Brasileira) e Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) repudiando o que considerou ataques proferidos contra a produção agropecuária no Mercosul.

Ele se seguiu a outras manifestações, como da Faesp (Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo) e, agora, da Fhoresp (Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo).
A entidade que concentra 500 mil empresas no estado afirma que o anúncio do Carrefour é "inaceitável" e que a represália deve persistir até que a rede de supermercados reveja sua decisão e volte a comprar carne do Mercosul.

Em seu comunicado de repúdio, o o diretor-executivo da Fhoresp, Edson Pinto, afirmou que o Carrefour deveria demonstrar "mais respeito aos produtos que enriquecem seus acionistas".

"Somos mais de 500 mil empresas, apenas no estado de São Paulo, que deixarão de comprar do Carrefour, enquanto insistir em desqualificar nossa carne, questionando uma qualidade comprovada globalmente. Solicitamos o engajamento e a adesão das empresas de hotelaria e de alimentação neste movimento, até que a varejista volte atrás deste posicionamento errôneo e desrespeitoso", afirmou.

A Faesp também quer a retratação do Carrefour e alega que as afirmações de Bompard demonstram não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas também o desconhecimento da sustentabilidade da pecuária no Brasil.

"A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil", disse, via nota, Tirso Meirelles, presidente da Faesp.

Nesta sexta-feira (22), o deputado federal Pedro Lupion (PP), presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), sugeriu que o setor pare de entregar carne no Carrefour Brasil.

"Não aceitamos e não aceitaremos. Se a carne brasileira serve para ser consumida nas lojas do Carrefour e de todas suas outras empresas aqui no Brasil, ela serve também para a Europa", diz Lupion em vídeo divulgado nas redes.

Um comunicado do Carrefour França divulgado na última quinta-feira (21) diz que a medida anunciada no dia anterior se aplicava somente às lojas da França e que em nenhum momento ela fazia referência à qualidade da carne do Mercosul, "mas somente a uma demanda do setor agrícola francês, atualmente em um contexto de crise".

"Todos os outros países onde o Grupo Carrefour opera, incluindo Brasil e Argentina, continuam a operar sem qualquer alteração e podem continuar adquirindo carne do Mercosul. Nos outros países, onde há o modelo de franquia, também não há mudanças", diz a empresa.

Neste sábado (23), o Carrefour Brasil divulgou nota para afirmar que não há desabastecimento de carne nas lojas do grupo no país e que a comercialização do produto ocorre normalmente. "Nenhuma loja está desabastecida."

Além do Carrefour, o Grupo Les Mousquetaires, proprietário da rede de supermercados francesa Intermarché, anunciou que irá boicotar as carnes bovinas, suínas e aves produzidas em países da América do Sul como um todo.

APOIO DO GOVERNO

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, manifestou na quinta-feira (21) apoio à decisão da indústria brasileira de carnes, segundo informações da Agência Brasil.

"Nos surpreende a presidência local [do Carrefour], aqui no Brasil, dizer ‘nós vamos continuar comprando porque sabemos que tem boa procedência, quem não quer comprar é a matriz, a França'. Ora, se não serve para os franceses, não vai servir para os brasileiros. Então, que não se forneça carne nem para o mercado desta marca aqui no Brasil", afirmou o ministro, que disse acreditar que a empresa irá repensar sua posição sobre o produto brasileiro".

"Eu achei uma atitude louvável da indústria brasileira dizer assim 'então, não vou fornecer também [ao Carrefour]'. E tem o meu apoio essa atitude, que mostra soberania e o respeito à legislação brasileira."

Favaro disse que custa a acreditar que está acontecendo "uma ação orquestrada por parte das empresas francesas", mas que também não acredita em coincidências (Folha, 24/11/24)



Federação de hotéis e restaurantes de São Paulo organiza boicote ao Carrefour

Loja do Atacadão, atacarejo do Grupo Carrefour, também é alvo de boicote. Foto Eugenio Goulart - Divulgação

 

A medida ocorre após o CEO global da rede de supermercados, Alexandre Bompard, declarar que a varejista francesa não vai mais vender carnes do Mercosul nas lojas da França

A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) convocou empresários de hotelaria e de alimentação fora do lar a se engajarem em um boicote ao Carrefour, até que a rede mude oficialmente o posicionamento quanto à venda de carne proveniente do Mercosul em suas lojas na França. A medida se estende, ainda, às redes Atacadão e Sam’s Club, que pertencem ao Grupo.

“Somos mais de 500 mil empresas, apenas no Estado de São Paulo, que deixarão de comprar do Carrefour, enquanto insistir em desqualificar nossa carne, questionando uma qualidade comprovada globalmente. Solicitamos o engajamento e a adesão das empresas de hotelaria e de alimentação neste movimento, até que a varejista volte atrás deste posicionamento errôneo e desrespeitoso”, diz a entidade.

A medida ocorre após o CEO global da rede de supermercados, Alexandre Bompard, declarar que a varejista francesa não vai mais vender carnes do Mercosul nas lojas da França, independentemente dos preços e das quantidades que os respectivos países possam oferecer.

Para a Federação, a decisão do Carrefour é “estritamente protecionista e desrespeitosa” quanto ao juízo de valor que está fazendo da qualidade das carnes provenientes do Brasil, bem como “prejudicial a toda a cadeia produtiva nacional”.

Exportadores

A mobilização da Federação vai ao encontro do que também estão fazendo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e outras entidades do setor produtivo.

“O Carrefour, que se beneficia do mercado brasileiro, operando como a maior rede varejista do País, com mais de 500 lojas, deveria demonstrar mais respeito aos produtos que enriquecem seus acionistas. É inaceitável que uma empresa que prospera em solo brasileiro adote práticas que desconsideram a qualidade e o trabalho árduo dos nossos produtores”, diz a federação (Estadão, 24/11/24)

 

O Carrefour França informa que a medida anunciada ontem, 20/11, se aplica apenas às lojas na França. Em nenhum momento ela se refere à qualidade do produto do Mercosul, mas somente a uma demanda do setor agrícola francês, atualmente em um contexto de crise.

Todos os outros países onde o Grupo Carrefour opera, incluindo Brasil e Argentina, continuam a operar sem qualquer alteração e podem continuar adquirindo carne do Mercosul. Nos outros países, onde há o modelo de franquia, também não há mudanças.