Sob Biden, EUA são melhores para o agronegócio do que sob Trump
JOE BIDEN REUTERSBrian Snyder
Importações de carnes e de produtos bovinos no Brasil subiram 95% neste ano, segundo Usda.
A importação, pelos Estados Unidos, de produtos agropecuários e de itens relacionados à agricultura do Brasil atingiu US$ 4,2 bilhões (R$ 23,4 bilhões) de janeiro a agosto deste ano.
O valor é bem inferior ao da China, mas registra um recorde 27% superior ao de igual período de 2020. Os dados são do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
Preços e volumes maiores garantem ao Brasil, por ora, o melhor ano nas relações comerciais com os EUA, quando se trata de agronegócio.
O maior destaque é o item classificado pelos norte-americanos como relacionado à agricultura, onde estão as exportações florestais. Nos oito primeiros meses deste ano, os Estados Unidos deixaram US$ 1,47 bilhão (R$ 8,19 bilhões) no Brasil na compra desses produtos, com aumento de 59% em relação a igual período de 2020.
Outros dois setores de destaque foram as exportações de produtos a granel e os relacionados aos consumidores, ambos com receitas de US$ 1 bilhão (R$ 5,57 bilhões) no período.
Entre os produtos a granel, estão milho, cacau e café em grão. Este último lidera com folga as importações dos Estados Unidos neste item, somando US$ 773 milhões (R$ 4,3 bilhões) no período, 21% a mais do que em 2020.
Entre os produtos classificados pelo Usda como orientados para o consumidor, o destaque fica para as carnes e produtos de carne bovina, que renderam US$ 448 milhões (R$ 2,5 bilhões), 95% a mais do que de janeiro a agosto de 2020.
A importação de frutas e de sucos também aumentou. Ao atingir US$ 159 milhões (R$ 886,2 milhões), superou em 51% a do ano passado.
O destaque negativo fica para os produtos intermediários, onde estão etanol, açúcar e óleos vegetais. As importações do norte-americanos somam US$ 699 milhões (R$ 3,9 bilhões) até agosto, com queda de 14%.
A lista do Usda registra alguns produtos interessantes, como o crescimento das importações de 74% de lácteos e de 44% de vinhos brasileiros.
Os dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) do Brasil, que estão mais avançados e já indicam exportações até outubro, confirmam essa melhora do Brasil no mercado dos Estados Unidos.
Após a política desastrada do presidente Donald Trump, principalmente em relação à China, os norte-americanos estão mais confiantes com as exportações do agronegócio.
No ano fiscal de 2021, que terminou em setembro, as receitas com as exportações do setor subiram para US$ 172,2 bilhões (R$ 959,7 bilhões), e deverão atingir US$ 175,5 bilhões (R$ 978,1 bilhões) em 2022.
Eles esperam uma melhora nas vendas externas com carnes, que devem somar US$ 38,7 bilhões (R$ 215,7 bilhões), mas refizeram as contas para a soja. Devido aos preços menores e queda no apetite da China, a oleaginosa deverá render US$ 28,4 bilhões (R$ 158,3 bilhões), US$ 3,9 bilhões (R$ 21,7 bilhões) a menos do que estimavam em agosto.
A China vai continuar líder nas importações de produtos agropecuários dos Estados Unidos, gastando US$ 36 bilhões (R$ 200,6 bilhões) no ano fiscal de 2022. O valor, no entanto, será US$ 3 bilhões (R$ 16,7 bilhões) a menos do que os norte-americanos esperavam inicialmente (Folha de S.Paulo, 26/11/21)