05/11/2019

Sob impulso da China, exportação atinge patamar recorde em outubro

Sob impulso da China, exportação atinge patamar recorde em outubro

Carne suína é a de maior consumo no país asiático, mas peste provocou redução de rebanho.

O Brasil nunca havia exportado tanta carne bovina em um único mês como em outubro. Foram 186 mil toneladas, no valor de US$ 808 milhões.

“É um recorde histórico jamais visto antes”, afirma Antonio Jorge Camardelli, presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes).

Com isso, as estimativas anteriores de US$ 7,2 bilhões para este ano ficaram defasadas, e o país deverá obter receitas superiores a esse valor, segundo ele.

O grande apetite vem da China, que comprou 66 mil toneladas de carne bovina em outubro, 61% a mais do que em setembro. 

Os chineses gastaram US$ 373 milhões com essas importações no Brasil, 68% acima do que haviam despendido no mês anterior.

É bom lembrar que Hong Kong, que também acaba abastecendo a China, elevou em 36% as compras de carne bovina no Brasil em outubro. Ao todo, China e Hong Kong levaram 98 mil toneladas de carne bovina brasileira para a região, deixando US$ 477 milhões em receitas para os exportadores do Brasil, conforme dados da Abiec e da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Essa necessidade de aumento das compras de proteínas por parte dos chineses ocorre devido à forte retração no rebanho de suínos do país.

A carne suína é a de maior consumo na China, mas a peste suína africana, que afeta vários países da região, já provocou uma redução de 40% no rebanho chinês de porcos, segundo o governo. Algumas estimativas privadas, no entanto, indicam mais de 50%.

A demanda intensa chinesa por carne bovina fez o país pagar, em média, US$ 5.671 por tonelada no Brasil, um valor próximo do que paga a União Europeia, bloco de países que tradicionalmente remuneram melhor o produto brasileiro.

Embora em volumes menores, Turquia, Argélia, Costa do Marfim e Angola também aumentaram o volume de compras no Brasil, com evoluções de 60% a 73% no mês.

O bom desempenho do mercado externo de proteínas —as compras chinesas se estendem também para suínos e frango— está elevando os preços internos do boi e da carne bovina para valores recordes. Essa alta vai chegar ao bolso dos brasileiros (Folha de S.Paulo, 5/11/19)