15/03/2019

Supercarro elétrico de 800 cv com célula de combustível de metanol

Supercarro elétrico de 800 cv com célula de combustível de metanol

Roland Gumpert, engenheiro por trás de marcas como Audi Quattro e Apollo, lançou um supercarro que resolve o problema de alcance elétrico limitado e carregamento lento. Chama-se Nathalie, é um bólide 800 cavalos, tração integral e usa uma pilha de combustível de metanol barata e recarregável para carregar as suas baterias enquanto está em andamento.

Será que é esta a tecnologia que o mercado automóvel procura?


Que "combustível" virá substituir o combustível fóssil?

A questão que ainda se coloca é que tecnologia será a mais viável para o futuro da indústria automóvel. Possivelmente muitos irão responder que são os veículos elétricos. Contudo, grandes marcas, como a Mercedes ou a Audi, ainda acreditam que o futuro serão as células de combustível a hidrogênio.

No entanto, a equação tem mais variáveis do que o que podemos pensar. Nathalie, um coupé desportivo de 2 portas, vem equipado com um motor elétrico em cada roda. Desta forma, o conjunto debita uma potência máxima de 600 kW (800 cv) e uma velocidade máxima superior a 306 km/h, permitindo ir dos 0 aos 100 km/h em 2,5 segundos.

Este veículo elétrico tem uma estrutura em tubo de aço crómio molibdénio, um chassis em carbono e muitos bits aerodinâmicos para uma sustentação negativa. Como tudo o que Gumpert colocou nas suas mãos, o design é limpo, com um interior jovem e desportivo.

Célula de combustível de metanol em detrimento dos iões de lítio

Atualmente, os veículos elétricos já estão bem equipados e são super práticos para certos cenários. Mais concretamente, hoje os elétricos adaptam-se a uma maioria de pessoas que conduzem em percursos diários curtos e regulares. Isto porque têm a possibilidade de gerir a autonomia das baterias e conseguir entre viagens uma carga completa.

No entanto, para uma percentagem ainda significativa dos condutores, estes veículos elétricos não são a solução. Eles precisam de fazer viagens longas, sem tempo para demoras a carregar as baterias. Este é ainda um dos vários trunfos dos carros a combustão interna.


Nathalie poderá ser a alternativa que faltava apresentar?

Segundo as pretensões de Gumpert, o que atualmente está disponível não parece ser a solução. Este engenheiro deseja apresentar uma alternativa. Portanto, o Nathalie navega com uma célula de combustível de metanol embutida. O metanol custa um terço do preço da gasolina. Além de ser mais fácil de manusear do que o hidrogénio, permite encher o depósito em cerca de três minutos.

Assim, com este tipo de combustível a autonomia poderá chegar a uma impressionante faixa de cerca de 850 km. Isto circulando a uma velocidade de 80 km/h.


Conceito que é contrário à evolução

Há alguns pontos, contudo, que devem ser bem percebidos. Por exemplo, não há na mesma poluição a queimar o metanol?

Segundo o responsável pelo projeto, não é produzida qualquer combustão do metanol. Não se pode esquecer que estamos a falar em célula de combustível. Deste modo, está a ser utilizada tecnologia desenvolvida pela Ser Energy. Este método usa uma reação química simples para combinar metanol e ar para produzir dióxido de carbono, água e energia suficiente para fornecer 5 kW consistentes de potência de carregamento da bateria.


Mas então, onde seria abastecido o carro de metanol?

Avaliando a proposta, parece-nos que este carro dependerá que o condutor seja capaz de encontrar bombas de abastecimento de metanol ao longo da sua viagem. Assim, estamos a falar numa infraestrutura que precisará ser construída para que esta ideia funcione.

Isto puxa-nos para outra questão: quem irá querer investir o dinheiro para construir esta infraestrutura, uma vez que este tipo de tecnologia de extensão de alcance se tornará redundante no momento em que a tecnologia das baterias finalmente consiga um alcance bem maior que o atual?

Além disso, ainda há vários pontos que faltam discutir, até mesmo a velocidade que dizem ser aquela que mantém o carro com autonomia em mais de 800 km. Aumentando a velocidade para os 110 km/h, será que a energia gerada não iria deixar o veículo muito aquém do valor anunciado?


E a produção de CO2, não será isso que o mundo se quer livrar?

Claro, então não podemos também esquecer que a reação da célula de combustível produz CO2. O que é, como todos sabemos, uma das principais causas para o aquecimento global. Isto deixa logo um ponto em desvantagem aos veículos a hidrogénio, esses pelo menos não libertam dióxido de carbono na atmosfera.

Em resumo%6

Pelas imagens, pelo conceito e sobretudo pela forma de encarar as alternativas aos combustíveis fósseis, o Nathalie parece muito interessante. Contudo, o seu principal ponto de referência deixa a desejar quanto à evolução do combustível. Desta maneira, em alguns pontos, parece que estamos a dar passos para trás (Pplware, 14/3/19)