Suzano eleva preços da celulose para UE e América do Norte em US$ 8
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O preço da celulose da empresa na Europa vai para US$ 1,2 mil a tonelada enquanto o valor na América do Norte será de US$ 1,4 mil dólares.
A fabricante de papel e celulose Suzano anunciou nesta terça-feira (23) que vai aumentar em US$ 80 os preços da matéria-prima para clientes na Europa e América do Norte a partir de fevereiro, o sexto reajuste consecutivo desde setembro.
Com o aumento, o preço da celulose da empresa na Europa vai para US$ 1,2 mil a tonelada enquanto o valor na América do Norte será de US$ 1,4 dólares, afirmou a companhia.
A elevação segue-se a reajuste de mesma intensidade promovido pela companhia este mês nas mesmas regiões.
A companhia afirmou que os reajustes não incluem clientes na Ásia, que tiveram alta de preço de US$ 10 neste mês.
Projeto Cerrado
Executivos da companhia também anunciaram, nesta terça, que a Suzano deve iniciar a produção da maior fábrica de celulose de eucalipto em uma única linha do mundo até junho, dentro do previsto no projeto de mais de R$ 20 bilhões de reais, durante evento de comemoração dos 100 anos da fundação da empresa.
A fábrica, conhecida como Projeto Cerrado, vai iniciar a produção em volumes reduzidos, um processo que deve demorar cerca de dois meses antes de a companhia acelerar o ritmo em setembro para atender clientes principalmente na Ásia, disse o diretor executivo de celulose da Suzano, Aires Galhardo, a jornalistas.
A capacidade de produção do Projeto Cerrado é de 2,5 milhões de toneladas de celulose por ano, o que elevará a capacidade total da Suzano para 13,5 milhões de toneladas anuais.
A comemoração dos 100 anos da Suzano ocorre em um momento em que a companhia já promoveu seis aumentos consecutivos nos preços globais da celulose desde setembro.
Segundo Galhardo, a previsão de vendas do projeto neste ano segue mantida em cerca de 700 mil toneladas.
A oferta de madeira já está garantida, disse o presidente-executivo da Suzano, Walter Schalka, acrescentando que a unidade terá um custo de produção de cerca de 100 dólares a tonelada.
Hedge climático
Schalka afirmou que a Suzano começou há três anos uma política de “hedge florestal”, elevando sua base de florestas de eucalipto além do necessário para a produção de celulose, para se proteger dos efeitos das mudanças climáticas em suas plantações.
“Estamos nos defendendo do clima. É como um seguro, você paga sem saber se vai usar ou não”, disse o executivo, evitando comentar qual percentual das florestas da empresa são destinados a este fim.
A companhia elevou a área de florestas de eucalipto em 400 mil hectares nos últimos anos, atingindo atualmente 1,7 milhão de hectares. A empresa tem ainda cerca de 1 milhão de hectares de matas nativas, em parte para atender legislação e em parte para políticas da companhia.
Questionado sobre a concentração de ativos da Suzano no Brasil e os impactos das mudanças climáticas nos negócios da companhia, Schalka afirmou que a “Suzano vai se internacionalizar” e que a partir da conclusão do Projeto Cerrado a empresa “vai ter oportunidade grande para crescer” diante da redução dos investimentos na construção da fábrica.
“Mas (internacionalização) precisa de escala e tamanho”, disse o executivo, evitando comentar sobre geografias específicas ou prazos.
Têxtil
Enquanto se prepara para a ativação da nova fábrica de celulose instalada no Mato Grosso do Sul, a Suzano mira tomar uma decisão nos próximos dois anos sobre a viabilidade comercial de projeto de produção de fibras têxteis a partir de um material chamado de nanocelulose, disse o diretor de pesquisa e inovação da empresa, Fernando Bertolucci.
A companhia tem uma fábrica piloto em funcionamento desde o ano passado na Finlândia em parceria com a Spinnova. O objetivo é produzir um material capaz de rivalizar com o algodão e a viscose, disse o executivo.
“Quando começamos o custo de produção era dez vezes maior. Já estamos em 25%”, afirmou Bertolucci, citando que o consumo de água no cultivo de algodão é 90% maior que a nanofibra de eucalipto.
Por enquanto, a fábrica piloto, que é a primeira operação industrial da Suzano fora do Brasil, tem capacidade para 1.000 toneladas anuais. Uma primeira unidade de porte comercial teria que ter capacidade para 20 mil a 50 mil toneladas, disse o executivo citando ainda questões que incluem eventual interesse ou capacidade dos finlandeses em avançar junto com a Suzano no investimento (Reuters, 23/1/24)
Centenária, Suzano investirá US$ 100 mi em educação para sustentabilidade
Walter Schalka, CEO da Suzano. Foto Reprodução
Ao celebrar 100 anos, gigante de papel e celulose anuncia parceria com Universidade de Cambridge e Stanford e projetos para tornar Brasil referência sustentável.
Ao completar 100 anos nesta segunda-feira (22), a Suzano anunciou investimentos de US$ 100 milhões em projetos de legado com foco em sustentabilidade.
Referência na fabricação de bioprodutos a partir do cultivo de eucalipto, a gigante brasileira de papel e celulose fechou os primeiros acordos de cooperação em pesquisa e educação no valor de US$ 30 milhões com a Universidade de Cambridge, a Escola Doerr de Sustentabilidade de Stanford e a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).
Com os projetos, a Suzano espera contribuir para a formação da próxima geração de especialistas e líderes em sustentabilidade, além de desenvolver novas ferramentas e abordagens para orientar relatórios corporativos e ações sobre a natureza.
Outra meta é acelerar a pesquisa em conservação, biodiversidade, água e mudanças climáticas, com foco particular nos ecossistemas brasileiros.
"Acreditamos que educação, ciência, dados de alta qualidade e relatórios transparentes são armas poderosas para lutarmos contra a perda da biodiversidade, a degradação dos solos e a poluição de nossas águas e da atmosfera", afirma David Feffer, presidente do Conselho de Administração da Suzano.
"Não podemos mais postergar, o mundo deve parar e reverter a perda da natureza até 2030. Nossa ambição é impulsionar esse movimento agora, com o olhar para os próximos 100 anos."
Maior produtora de celulose do mundo, a Suzano se reconhece como uma "startup centenária", com investimentos superiores a R$ 50 bilhões nos últimos três anos para impulsionar a bioeconomia.
"É um momento para honrarmos e relembrarmos nossa história, mas, também, para focarmos no futuro e em tudo o que ainda podemos construir de legado para a sociedade e para o planeta", afirma o presidente da Suzano, Walter Schalka. "Essa visão é a base para sermos protagonistas na transição para uma economia mais verde."
A colaboração com Stanford e Cambridge criará novas oportunidades educacionais e de pesquisa para estudantes de pós-graduação e doutorado em áreas como conservação da biodiversidade, mudanças climáticas, gestão de recursos hídricos e sustentabilidade corporativa.
Para Bhaskar Vira, vice-reitor de Educação da Universidade de Cambridge, a parceira com a Suzano ajudará a consolidar Cambridge como líder nos estudos dos ecossistemas, biodiversidade e fatores socioeconômicos no cenário brasileiro e também desempenhará papel decisivo no desenvolvimento da próxima geração de líderes em sustentabilidade do Brasil.
Já o reitor da Stanford Doerr School of Sustainability, Arun Majumdar, ressaltou que a colaboração "cria um potencial imenso para a expansão do conhecimento e das habilidades necessárias para lidar com os desafios de sustentabilidade do planeta".
A Suzano também desenvolverá parcerias com universidades brasileiras e disponibilizará suas áreas de conservação no país para pesquisas em sustentabilidade e conservação e outras disciplinas associadas à agenda da sustentabilidade.
Além do foco educacional, a Suzano planeja estreitar laços com a IUCN, a maior rede global de organizações ambientais, com sede na Suíça. Nesta frente, a empresa apoiará o desenvolvimento de novas pesquisas, ferramentas e abordagens para ajudar o setor privado a desenvolver ações a favor da biodiversidade (Folha, 24/1/24)