30/03/2022

Tradicional importador, Brasil bate recorde nas exportações de trigo

Legenda: Máquina agrícola colhe trigo em plantação na Rússia - Eduard Korniyenko/Reuters

Máquina agrícola colhendo trigo  foto Eduard Korniyenko Reuters

 País deverá exportar 2,12 milhões de toneladas no trimestre, 332% acima do volume de 2021, segundo a Anec.

Um dos principais importadores mundiais de trigo, o Brasil bate recorde em exportações e importa menos neste primeiro trimestre do ano. Isso ocorre em um período em o cereal é um dos alimentos mais disputados no mercado.

Tomando como base os dados da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais), o país vai atingir o patamar recorde de 2,12 milhões de toneladas exportados até março, com aumento de 332% em relação a 2021.

Já as importações, com base nas compras médias diárias da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), vão atingir 1,54 milhão de toneladas, 10% abaixo das de 2021.

Adaptação de parte do trigo brasileiro às exigências de alguns países importadores e dólar favorável estão colocando o cereal brasileiro com competitividade na África, no Oriente Médio e na Ásia.

No primeiro bimestre, a Secex aponta exportações de 290 mil toneladas para a Arábia Saudita e de 230 mil para Marrocos. Na Ásia, os maiores importadores do cereal brasileiro foram a Indonésia, com 220 mil toneladas, e o Paquistão, com 138 mil.

O valor médio da tonelada de trigo e de centeio não moídos exportada pelo Brasil atingiu US$ 303 neste mês, 12,4% acima do preço de há um ano. Já o cereal importado chegou ao país com valor médio de US$ 299, segundo a Secex.

O preço do trigo perdeu força no mercado internacional. Queda do petróleo e esperanças de um acerto nas negociações entre Rússia e Ucrânia fizeram as commodities recuarem nesta terça-feira (29).

O trigo, produto mais afetado pela guerra, voltou a ser negociado abaixo de US$ 10 por bushel (27,2 kg) nesta terça-feira, mas o contrato de maio fechou a US$ 10,14, com recuo de 4% no final do pregão. Em relação há um ano, o trigo mantém alta de 71%.

 Um dia antes da Ucrânia ser invadida pela Rússia, em 23 de fevereiro, o cereal era cotado a US$ 8,44 por bushel em Chicago. Chegou a ser negociado a US$ 12,94 em 7 de março, perdendo força em seguida.

O petróleo e a guerra continuam tornando os preços das commodities bastante voláteis. A soja caiu 1,3% nesta terça-feira; e o milho, 3%. Apenas o café, negociado em Nova York, não teve queda, ficando com os preços estáveis (Folha de S.Paulo, 30/3/22)