16/03/2018

Treinar pessoas é desafio da indústria 4.0

Gianfranco Casati durante o Fórum Econômico Mundial, em São Paulo

Painéis no Fórum Econômico Mundial  que tratam da revolução tecnológica no mundo do trabalho alertam para a falta de mão-de-obra qualificada.

Se por um lado há grande preocupação no Brasil em relação ao risco de que a chamada quarta revolução industrial eliminará empregos, por outro, empresários reclamam que falta mão de obra qualificada para ocupar novas vagas que estão surgindo na esteira de mudanças como a expansão da inteligência artificial.

“Conversando com clientes aqui nos últimos dois dias, percebi que há esses dois sentimentos contraditórios”, afirmou Gianfranco Casati, presidente da Accenture – Foto -, para mercados em crescimento, como América Latina e Ásia.

O executivo moderou um debate sobre quarta revolução industrial nesta quarta-feira (14) durante o Fórum Econômico Mundial para América Latina, em São Paulo.

Em outra mesa cujo tema era a economia pós-industrial, as discussões também foram focadas na formação de jovens para empregos que ainda nem existem. 

Segundo os participantes dos painéis, esse desafio faz com que o mais importante seja treinar os trabalhadores para que eles tenham habilidades sociais, como capacidade de cooperar e de aprender a resolver problemas.

“Devemos ensinar as pessoas a aprender a realizar tarefas e não trabalhos. Devemos focar em atividades e não em setores”, disse Angel Melguizo, diretor da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) para América Latina.

 

Para o ministro de Finanças da Colômbia, Mauricio Cárdenas, o desafio da revolução digital e da necessidade de inovação não é incompatível com atividades econômicas centradas no setor de commodities, como muitas latino-americanas.

Ele e outros palestrantes, como Melguizo, ressaltaram que a região precisa desenvolver novos serviços relacionados à produção de commodities.

“Isso não implica deixar de pensar em inovação. Na Colômbia, por exemplo, temos direcionado 10% dos royalties de petróleo para investir em ciência e tecnologia”.

De acordo com Michael Gregoire, CEO da CA Technologies, o fato de que os latino-americanos são grandes consumidores de tecnologia é causa para otimismo. Mas, ressalta ele, a região precisa transformar esse interesse em iniciativas para gerar maior inovação. A percepção dos debatedores é de que os países latino-americanos têm ficado para trás nesse quesito (Folha de S.Paulo, 15/3/18)