Trigo pode virar pimenta nas relações entre Brasil e Argentina
Pode ser até coincidência... Mas no momento em que os “comunistas” Alberto Fernández e Cristina Kirchner estão prestes a assumir o Poder na Argentina, o governo Bolsonaro planeja facilitar o aumento da participação de outros países nas importações brasileiras de trigo - quase um mercado cativo dos hermanos.
O primeiro da lista são os Estados Unidos. Segundo fonte do Ministério da Agricultura, a cota de 750 mil toneladas isenta de taxação oferecida aos norte-americanos é apenas o hors d'oeuvres. A ideia é aumentar gradativamente esse volume a partir de 2020, independentemente de contrapartidas.
De Trump para Putin, a Rússia é outro país que poderá ser paulatinamente benefi ciado por cortes nas barreiras alfandegárias. Competitividade para isso não lhe falta. Nos últimos três meses, o trigo russo tem chegado aos portos brasileiros a um preço médio de US$ 252 a tonelada, contra US$ 260 do argentino.
O movimento do governo brasileiro pode acicatar as relações bilaterais, na esteira do seu efeito potencial sobre a balança comercial argentina. O trigo da Argentina é quase hegemônico entre as importações do cereal. Do volume total que chega ao Brasil, 83% vêm dos vizinhos – de janeiro a setembro, foram 5,1 milhões de toneladas (Relatório Reservado, 3/12/19)