Um marco para o agronegócio – Editorial O Estado de S.Paulo
As exportações do setor neste ano devem alcançar, ou até superar, US$ 100 bilhões.
As exportações do agronegócio neste ano devem alcançar, ou até superar, US$ 100 bilhões. "É uma marca que vínhamos perseguindo e, agora, vamos alcançar", disse o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, numa solenidade em Brasília. Será um feito inédito. Dados do Mapa vêm mostrando crescimento constante das exportações desse segmento, que, no acumulado de 12 meses, já estão muito próximos da marca lembrada pelo ministro. Esses dados confirmam o vigor persistente da cadeia de produtos agropecuários, que vem assegurando, além de resultados muito expressivos na balança comercial do País, a manutenção da inflação em níveis bastante baixos.
Numa economia que ainda tenta superar os imensos obstáculos que a desastrosa administração lulopetista colocou na rota de seu crescimento, a agropecuária se destaca por seu dinamismo. A safra mais recente foi menor do que a anterior, mas é a segunda maior da história. Desse modo, está garantindo, mais uma vez, a oferta adequada dos principais produtos que compõem a mesa do brasileiro, contribuindo, assim, para conter os índices de inflação. A produção agrícola é suficiente também para permitir o aumento das exportações, que tem resultado em expressivos saldos da balança comercial, os quais dão tranquilidade ao País no front externo.
Nos 12 meses encerrados em setembro, as exportações do agronegócio alcançaram US$ 98,70 bilhões, valor 7,8% maior do que o alcançado entre outubro de 2016 e setembro de 2017 (US$ 91,55 bilhões). Em setembro de 2018, as exportações do agronegócio, de US$ 8,17 bilhões, foram 4,5% menores do que as de um ano antes, de US$ 8,56 bilhões. A redução observada no mês passado, na comparação com igual período do ano passado, interrompe, mas não é suficiente para alterar o padrão de crescimento observado há tempos, de modo que, no acumulado dos nove primeiros meses de 2018, as exportações do agronegócio (de US$ 76,66 bilhões) foram 3,6% maiores dos que as de igual período de 2017 (US$ 73,98 bilhões). Esse ritmo de expansão, se mantido nos próximos meses, será suficiente para assegurar exportações totais de pouco mais de US$ 100 bilhões do agronegócio (no ano passado, elas alcançaram US$ 96,01 bilhões).
Neste ano, o aumento das exportações está sendo assegurado pelo crescimento do volume exportado. Já as importações, nos primeiros nove meses do ano registraram queda de 1,3% em relação a igual período de 2017, alcançando US$ 10,54 bilhões. Desse modo, o saldo comercial do agronegócio no ano alcançou US$ 66,12 bilhões, mais do que suficiente para compensar o déficit de outros segmentos da economia e garantir o superávit de US$ 44,3bilhões da balança comercial do País no período.
A Ásia, com destaque para a China, tem sido o principal destino dos produtos do agronegócio do Brasil. Os países asiáticos já respondem por 51,5% do total das exportações (contra 47,9% em 2017). Tem sido exponencial o crescimento das vendas brasileiras para essa região neste século, visto que, em 2001, a Ásia respondia por apenas 15% das vendas externas do agronegócio do País.
Já as vendas para a União Europeia representaram 17,4% do total exportado, uma fatia ainda expressiva do mercado para os produtos do agronegócio do Brasil, mas bem menor do que a registrada em 2001, de praticamente 40%. Mesmo assim, as vendas para a Ásia e para a União Europeia representam cerca de 70% do total exportado pelo agronegócio.
A presença cada vez maior de produtos agropecuários brasileiros no mercado mundial se deve à eficiência do setor. Utilização de novas técnicas, investimentos em equipamentos, acompanhamento dos principais mercados permitiram grandes ganhos de produtividade. Esses ganhos têm compensado falhas de políticas públicas, como a precariedade da infraestrutura, da logística de exportações. O custo excessivo imposto aos produtores pelo tabelamento do frete, que onerará ainda mais o produto brasileiro, corrói a eficiência do agronegócio (O Estado de S.Paulo, 13/10/18)