18/11/2019

Vazio na oferta de feijão eleva preços no campo

Vazio na oferta de feijão eleva preços no campo

Legenda: Agricultor trabalha em plantação de feijão na zona rural de Pernambuco

 

Além das carnes, o consumidor deverá pagar mais também pelos cereais neste final de ano.

Não é apenas o churrasco que ficará caro neste final de ano. Quem fugir da carne, deverá pagar mais também pelos cereais.

No caso do feijão, há um vazio na oferta da leguminosa, o que elevou o valor da saca para o produto de melhor qualidade para até R$ 340. Há um mês, estava entre R$ 140 e R$ 180.

O retorno da oferta de feijão só virá a partir de fevereiro. O clima, causa da produção menor neste ano, atrasou o plantio da próxima safra.

O único alívio para o consumidor virá da demanda menor a partir da segunda quinzena do próximo mês. Com isso, os preços param de subir e se acomodam, segundo Vlamir Brandalizze, analista da Brandalizze Consulting, de Curitiba.

Não vai faltar produto, mas os estoques estão nas mãos de grandes produtores, que promovem as vendas aos poucos, segundo o analista.

Já os preços do arroz não têm mais espaço para altas. Negociado de R$ 42 a R$ 44 por saca há um mês, o cereal custa de R$ 45 a R$ 48 atualmente.

Apesar desse aumento, Brandalizze diz que o arroz está barato. Endividados, os produtores gaúchos aumentaram as vendas, impedindo uma possível recuperação dos valores do cereal.

Esse cenário de preço pouco competitivo deverá provocar uma nova redução da área de plantio de arroz no Rio Grande do Sul, diminuindo ainda mais a oferta do cereal no próximo ano.

Brandalizze diz que o arroz vive um período de "voos de galinha", o que afeta a liquidez tanto dos produtores brasileiros como a dos argentinos e dos uruguaios. Argentina e Uruguai são dependentes do mercado do Brasil.

alta do dólar pode trazer competitividade ao cereal e abrir novos mercados externos. Um dos exemplos são as exportações desta semana para o México. O efeito dólar, no entanto, é limitado, segundo Brandalizze.

Na avaliação do analista, a interferência do clima na produção de arroz e de feijão deverá reduzir os estoques finais dos produtos.

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) prevê estoques finais de 393 mil toneladas de arroz no final da safra 2019/20. Os de feijão serão de 204 mil toneladas.

Brandalizze acredita que os estoques desses produtos ficarão abaixo dos projetados pela Conab (Folha de S.Paulo, 15/11/19)