30/07/2021

Vivo une-se a São Martinho e Ericsson por 5G no campo

Vivo une-se a São Martinho e Ericsson por 5G no campo

Da agricultura de precisão para a de ultraprecisão. Esse é o salto que o grupo sucroalcooleiro São Martinho pretende dar com a instalação de internet 5G em suas unidades, em um projeto de “fazenda inteligente” que está sendo desenvolvido com a Ericsson desde o ano passado e que, agora, ganha o reforço da Vivo para a operação da rede e o desenvolvimento de soluções.

Com apoio da Ericsson, o 5G já começou a ser instalado em alguns locais da usina do grupo localizada em Pradópolis (SP). Maior usina do mundo, com capacidade de moer, a cada safra, cerca de 10 milhões de toneladas de cana, cultivada em 130 mil hectares, a unidade foi a primeira do país a instalar uma rede própria de 4G, dois anos atrás. E, em seu novo salto tecnológico, foram ativados, no último dia 5, os primeiros sinais de 5G, um dentro da planta industrial e outro na unidade de manutenção agrícola, já na área com lavouras.

A expansão do 5G para mais áreas da unidade - e inclusive para as outras usinas do grupo - será feita com apoio da Vivo. “Faltava o ator que vai permitir a operação dessa rede. Esse ecossistema vai precisar de todos os atores - indústria, operação e demanda - para assegurar que a tecnologia seja usada da forma mais eficiente possível”, afirmou Vinícius Dalben, CEO da Ericsson para o Cone Sul da América Latina.

A São Martinho não revelou quanto investirá na iniciativa, mas, para Fabio Venturelli, CEO da empresa o custo “vai acabar sendo baixo diante de todo o potencial de geração de negócios”. A aposta em tecnologias de ponta não é algo novo para a companhia, que já desembolsou R$ 70 milhões no Centro de Operações Agrícolas (COA), de controle remoto das operações, e que gerencia os 300 mil hectares de canaviais que atendem as quatro usinas do grupo.

Já o 5G permite um salto, com alta velocidade de tráfego de dados e baixos tempo de resposta (latência) e variação. Com a expansão dessa conexão nas lavouras, várias atividades poderão ser controladas à distância em tempo real e com alta precisão.

Na prática, máquinas agrícolas poderão atuar de maneira completamente autônoma nas plantações, por exemplo. “A máquina que operaria totalmente autônoma já existe, mas hoje o operador faz a manobra e administra os indicadores. Agora, ele não precisa mais estar dentro da máquina, pode manobrar à distância”, diz Venturelli. O 5G também pode aprimorar a inteligência artificial (IA) e a prevenção de acidentes.

Com a cobertura de 5G ativada recentemente, a São Martinho já realizou um teste com um drone da fabricante XMobots que identifica falhas nas linhas de plantio, plantas daninhas e pragas. O novo sinal permitiu ao COA receber transmissão de vídeo e realizar o controle das atividades em tempo real, além de descarregar todas imagens. “Se não tivesse velocidade nem capacidade, não seria possível formar uma imagem tão precisa a ponto de ser decisiva para se saber se tem problema ou não”, afirmou Venturelli.

O uso do 5G no drone foi uma das 24 aplicações elencadas pelo grupo sucroalcooleiro com a Ericsson e que poderão ser desenvolvidas com a nova tecnologia de conexão. A usina já cogita usar o 5G para garantir a automação de processos industriais com sensores nas máquinas e até realizar monitoramento cardíaco dos 12 mil trabalhadores da companhia com sensores em crachás.

O plano da São Martinho é ampliar a cobertura do 5G em etapas, aproveitando a infraestrutura própria de 4G da companhia. “Com a proximidade com a São Martinho e com a Ericsson, conseguimos desenhar a infraestrutura adequada para atender a demanda não só de hoje, mas que ainda vai existir”, disse Alex Salgado, vice-presidente de negócios B2B da Vivo.

Os primeiros sinais foram instalados com apoio da rede de fibra óptica existente na unidade e com uma solução de micro-ondas da Ericsson, que garante o transporte para áreas remotas estratégicas sem a fibra. Enquanto o 4G ocupa a frequências de 700 megahertz (MHz), o de 5G passa a ocupar a banda de 3,5 gigahertz (GHz). Para ampliar a cobertura em campo, a Vivo também considera utilizar rádios de micro-ondas de alta capacidade, com frequência regulada, e satélite.

O avanço da cobertura vai depender, primeiramente, do desenvolvimento de aplicações tecnológicas nos primeiros locais que receberem conexão 5G e da necessidade de expandi-las para mais áreas dos canaviais. Nessa tarefa, a São Martinho contará com a colaboração das startups que serão selecionadas pelo Cubo Agro, hub que a empresa lançou no início do mês junto com o Itaú BBA e a Corteva (Assessoria de Comunicação 29/7/21)