20/08/2020

Volks negocia 5 mil demissões em suas quatro fábricas no País

Volkswagen

Legenda: Montadora da Volkswagen localizada no ABC paulista. Foto: Volkswagen

 

Montadora cita ‘adequação’ ao nível atual de produção e ‘foco na sustentabilidade’ das operações; segundo sindicatos, ‘excedente’ informado seria de 5 mil pessoas, mas empresa diz que número final vai depender de conclusão de negociações.

Volkswagen negocia corte de funcionários em suas quatro fábricas no País, com a alegação de que é preciso adequar o quadro de pessoal à atual demanda do mercado, enfraquecida pela crise provocada pela pandemia do coronavírus. O assunto já foi discutido na terça e quarta-feira entre dirigentes da montadora e representantes dos sindicatos de trabalhadores. A empresa emprega ao todo 15 mil funcionários e, segundo os dirigentes sindicais que participaram do encontro realizado na fábrica do ABC paulista, o excedente seria de 35% – ou seja, cerca de 5 mil pessoas, entre funcionários da linha de produção e do administrativo.

 

Porta voz da empresa afirmou ser precipitado falar em números, na medida em que a empresa propõe negociar medidas de flexibilização que incluem redução de salários e de benefícios como Participação nos Lucros e Resultados (PLR), vale transporte e convênio médico, além de corte de reajustes salariais – o que, eventualmente, ajudaria a reduzir o número de excedentes. Também não descarta abrir planos de demissão voluntária (PDV).

Em nota, a Volks confirma o processo de negociação e cita medidas de flexibilização e de revisão dos acordos coletivos – alguns preveem estabilidade no emprego até 2021. A direção da montadora alega a necessidade de “adequação do número de empregados ao nível atual de produção, com foco na sustentabilidade de suas operações no cenário econômico atual, muito impactado pela pandemia do novo coronavírus”.

A montadora cita dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), de que a produção de veículos deve cair 45% neste ano e que a recuperação do mercado só deve vir em 2025.

Só na pandemia, desde março, o setor fechou 3,2 mil vagas. Em 12 meses, foram 6,2 mil. Hoje as montadoras empregam 122,5 mil funcionários. No início do mês, a Renault demitiu 747 pessoas no Paraná, mas, após greve e negociações com o sindicato, eles foram reintegrados e a empresa abriu um PDV.

Conjuntura

Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde está a maior fábrica do grupo, a de São Bernardo do Campo, com 8,6 mil trabalhadores, informa que novas reuniões estão programadas para a próxima semana. “Nossa visão é de que coisa boa não vem por aí, infelizmente”, afirma Júlio Henrique da Silva, secretário de Finanças do Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos. Segundo ele, os sindicatos entendem que a pandemia agravou o cenário, mas esperam construir alternativas conjuntas para evitar cortes.

A fábrica de São Carlos produz motores e tem 940 funcionários. O grupo também tem unidades em São José dos Pinhais (PR) e Taubaté (SP), ambas fabricantes de automóveis. A Volkswagen é a segunda montadora que mais vende carros no País, atrás da General Motors.

Somente no período da pandemia, a partir de março, a indústria automobilística fechou 3,2 mil vagas. Em 12 meses foram 6,2 mil demissões. Hoje o setor emprega 122,5 mil trabalhadores. No início do mês, a Renault demitiu 747 funcionários na fábrica do Paraná, mas, após negociações com o sindicato local reintegrou o pessoal (que foi colocado em lay-off) e abriu um PDV para obter as adesões que considera necessárias para adequar a mão de obra à atual demanda (O Estado de S.Paulo, 20/8/20)